sábado, 28 de fevereiro de 2009

Vasco da Gama em 1929

O ano de 1929 foi muito produtivo para a equipe vascaína. No final de março ganhou o Torneio Início batendo o América na final por 1 x 0 e prosseguiu com a conquista do Campeonato Carioca numa emocionante final melhor de três novamente contra o América e de quebra teve Russinho como o artilheiro do campeonato com 23 gols.
Esta equipe foi uma das mais fortes já montadas em São Januário com grandes jogadores que fizeram história pelo clube e participações em copa do Mundo

Campeonato Carioca (AMEA)
Primeiro Turno
07-abr-1929 9x1 Bangu
14-abr-1929 4x3 Syrio e Libanez
21-abr-1929 2x2 São Cristóvão
28-abr-1929 2x1 Bonsucesso
05-mai-1929 5x0 Brasil
12-mai-1929 2x0 Andarahy
26-mai-1929 1x2 Fluminense
02-jun-1929 2x1 América
16-jun-1929 2x1 Botafogo
14-jul-1929 3x2 Flamengo

Segundo Turno
Data Jogo Placar
21-jul-1929 2x2 Bangu
28-jul-1929 5x1 Syrio e Libanez
04-ago-1929 0x0 São Cristóvão
11-ago-1929 1x1 Bonsucesso
18-ago-1929 3x0 Brasil
01-set-1929 4x3 Andarahy
22-set-1929 2x1 Fluminense
29-set-1929 2x0 América
20-out-1929 2x2 Botafogo
27-out-1929 1x0 Flamengo

Final
10-nov-1929 0x0 América
15-nov-1929 1x1 América
24-nov-1929 5x0 América
Obs: Vasco da Gama campeão carioca de 1929. Após empatar nos dois primeiros jogos da decisão, o Vasco goleia o América no terceiro jogo por 5x0 e fica com o título.

1º JOGO:
VASCO DA GAMA 0 X 0 AMÉRICA
Data: 10/11/1929
Local: Estádio de Laranjeiras
Árbitro: Jorge Marinho (Fluminense Football Club)
Vasco da Gama: Jaguaré; Brilhante e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Pascoal,
84, Russinho, Mario Matos e Santana / Técnico: Henry "Harry" Welfare
América: Joel; Penaforte e Hildegardo; Hermógenes, Floriano e Mário Pinto;
Gilberto, Oswaldinho, Sobral, Telê e Miro / Técnico: Jaime Pereira Barcellos

2º JOGO:
VASCO DA GAMA 1 X 1 AMÉRICA
Data: 14/11/1929
Local; Estádio de Laranjeiras
Árbitro: Jorge Marinho (Fluminense Football Club)
Renda: Cr$ 82.645$000
Vasco da Gama: Jaguaré; Brilhante e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Pascoal,
84, Russinho, Mario Matos e Santana / Técnico: Henry "Harry" Welfare
América: Joel; Penaforte e Hildegardo; Hermógenes, Floriano e Mosqueira;
Alemão, Oswaldinho, Mineiro, Telê e Miro / Técnico: Jaime Pereira Barcellos
Gols: Russinho para o Vasco e Oswaldinho para o América

3º JOGO:
VASCO DA GAMA5 x 0 AMÉRICA
Data – 24 / 11 / 1929
Local – Laranjeiras (Rio de Janeiro - RJ)
Renda: 130:000$000
Árbitro – Arthur Antunes de Moraes e Castro “Laís” (Fluminense Football Club)
Gols – 1° tempo: Vasco 2 a 0, Russinho (2); Final: Vasco 5 a 0, Russinho,
Mário Mattos e Sant’Anna
Vasco da Gama: Jaguaré, Brilhante e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Paschoal,
Oitenta e Quatro, Russinho, Mário Mattos e Sant’Anna /Técnico: Henry "Harry" Welfare
América – Joel, Pennaforte e Hildegardo; Hermógenes, Floriano (Mário Pinto)
e Mosqueira; Alemão, Oswaldinho, Sobral, Telê e Miro /Técnico: Jaime Pereira Barcellos

Elenco campeão
Jaguaré; Brilhante e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Pascoal,84, Russinho, Mario Matos e Santana: titulares
Valdemar (goleiro), Pepico, Hespanhol,Nesi, Ennes,J.Melo, Lino: Reservas
Técnico: Harry Welfare
Presidente: Raul da Silva Campos

Artilheiros do Campeonato
Russinho (Vasco), 23 gols.
Telê (América), 23.
Nilo (Botafogo), 20.
Ladislau (Bangu), 14.
Sobral (América) e Sant'Anna (Vasco), 12.
Oswaldinho (América) e Ramiro (Andarahy), 11.
Gradim e Bida (Bonsucesso), Modesto (SC Brasil), Fernandes (Syrio Libanez),
Celso (Botafogo) e Tinduca (São Cristóvão), 10.

Amistosos
04-jan-1929 0x0 Barracas (ARG) São Januário
20-jan-1929 2x1 Sel. de Niterói (RJ)
10-mar-1929 4x1 Flamengo (RJ) Rua Paysandú
Obs: O árbitro Diogo Rangel abandonou o campo aos 60 min. de jogo após desavença com os jogadores. Fernando Gonçalves subistituiu Diogo no restante do jogo.
17-mar-1929 4x3 Corinthians (SP) São Januário
24-mar-1929 2x4 Corinthians (SP) São Paulo (SP)
02-mai-1929 1x0 Internacional (Bebedouro) (SP)
16-mai-1929 1x2 Flamengo (RJ) São Januário
11-out-1929 3x1 Palestra Itália (MG) São Januário
12-dez-1929 1x2 Fluminense (RJ)

Torneio Início
Torneio disputado no Estádio São Januário no dia 31 de março de 1929.
Jogos disputados em 2 tempos de 10 minutos com a final jogada em 2 tempos de 30 minutos.

1ª Fase
Vasco da Gama 0 x 0 Bonsucesso (Corners: Vas 1 x 0)
Botafogo 1 x 0 Andarahy
Fluminense 0 x 0 Flamengo (Corners: Flu 2 x 0)
Bangu 1 x 0 SC Brasil
América 1 x 0 São Cristóvão
Syrio e Libanez bye

2ª Fase
Vasco da Gama 1 x 0 Botafogo
Fluminense 0 x 0 Syrio e Libanez (Corners: Flu 2 x 1)
Bangu bye
América bye

Semifinal
Vasco da Gama 1 x 0 Bangu
América 1 x 0 Fluminense

Final
Vasco da Gama 1 x 0 América

Fontes
www.sosumulas.blogspot.com
http://www.netvasco.com.br
http://www.rsssfbrasil.com
Arquivo pessoal

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Fausto, a “Maravilha Negra”


Quando alguém lembra dos grandes jogadores do passado é quase sempre chamado de saudosista, mas eu não me importo com isso e gosto de contar neste meu blog as trajetórias vitoriosas de grandes nomes do nosso futebol. Jogadores que esbanjaram classe e categoria e encantaram os torcedores de suas épocas, quando o futebol brasileiro misturava técnica e encantamento.

Um dos primeiros craques da era moderna do futebol brasileiro foi sem dúvida o maranhense Fausto dos Santos, ou simplesmente Fausto, nascido em Codó, no dia 28 de fevereiro de 1905. Ele foi um dos melhores, senão o melhor meio campista de seu tempo. Era daqueles jogadores clássicos, que quando recebia a bola pelo alto, sabia dominá-la como poucos. A visão de jogo era uma de suas maiores virtudes, dava passes e lançamentos primorosos e também fazia gols.

Fausto teve uma infância difícil, por força da miséria no Nordeste brasileiro. Sua mãe, dona Rosa, queria um futuro melhor para o filho, coisa que dificilmente teria no interior maranhense. Por isso foi com a família tentar a sorte no Rio de Janeiro, então a capital e maior cidade do Brasil.

Naqueles áureos tempos em que os campos de futebol se espalhavam por todos os cantos da cidade, Fausto encontrou sua vocação, ao manter uma relação íntima com a bola. Ele a chamava de tu e ela o obedecia em todos os malabarismos que fazia, caindo sempre aos seus pés, como se uma escrava fosse. Era aquilo que hoje chamamos de domínio da bola.

Em 1926, Fausto, alto e magro, aparecia jogando como titular da equipe do Bangu Atlético Clube, atuando de meia atacante e mostrando sinais evidentes de que se tratava de um verdadeiro craque. Era bonito vê-lo tocar na bola, dar a matada no peito, driblar, fazer ginga, no desarme e na preparação do gol. Todas essas qualidades encantaram a Henry Welfare, um inglês radicado no Brasil e técnico do Clube de Regatas Vasco da Gama.

Fausto gostava do Bangu e era apegado aos companheiros. Por isso, resistiu para sair do clube vermelho e branco. Mas em 1928, finalmente foi parar no Vasco, agremiação representativa da rica colônia portuguesa e da gente graúda da cidade. No estádio de São Januário, inaugurado um ano antes, ele atingiria os “píncaros da glória”, plagiando verso da música “O Ébrio”.

E Fausto teve muito a ver com o personagem musical do grande cantor e compositor Vicente Celestino. Quando não estava nos gramados vestindo a camisa preta, com a “Cruz de Malta” branca à esquerda do peito, costuma freqüentar os bares e bailes de gafieira do Rio de Janeiro

Em 1929, foi campeão carioca, jogando como médio volante na equipe vascaína e se tornando o cérebro do meio-de-campo, posição para a qual fora deslocado por Welfare, que ignorava o esquema WM, criado por seu compatriota Herbert Chapman e praticado na Europa. Pela fórmula vascaína, Fausto tinha que ter um fôlego fora do comum, pois dele dependia o ataque. No 1º turno do Carioca, o Vasco goleou o Flamengo por 4 X 1, e Fausto marcou 3 gols. Nesse ano, além de campeão estadual, o negro de Codó estreou com êxito nas seleções carioca e brasileira.

Em 1930 participou da 1ª Copa do Mundo, disputada em gramados do Uruguai. O Brasil não conseguiu fazer uma boa preparação e isso foi preponderante para que a campanha fosse muito abaixo das expectativas. Mesmo cheio de craques, o escrete nacional, com três treinos, era composto de uma turma inexperiente e temerosa em fazer feio no exterior. Na estréia, perdemos para a Iugoslávia. Depois, derrotamos a Bolívia. Fausto foi considerado o melhor médio volante da Copa e ganhou da imprensa uruguaia o apelido de “Maravilha Negra.”

A partir daí, o jogador passou a ser ajudado financeiramente pelos portugueses ricos do Vasco da Gama. Mas, despreparado para a glória e a fama, continuou com as farras. A madrugada e o álcool estavam colocando sua carreira em risco. A sua saúde estava em declínio, e sofria com sucessivas e intermináveis gripes. À época, disseram-lhe que os negros eram predispostos à tuberculose e Fausto tomou isso como exagero racista, seguindo fiel à boemia.

Mesmo assim continuava a jogar um grande futebol. No ano de 1931 quando o Vasco se tornou o primeiro clube carioca a excursionar pelo exterior, Fausto, folgando da gripe, encantou as platéias européias com sua elegância e habilidade. Em Madri, Barcelona e Vigo, o compararam a um escravo levando o time nas costas. Depois de um jogo em que o Vasco derrotou o combinado português formado por jogadores do Sporting e Benfica, o jornalista português Alberto de Freitas, embora com um comentário altamente racista, resumiu a representatividade de Fausto: "O centromédio faz verdadeiras maravilhas, passeando a vontade pelo campo. Com tanta categoria até se pode não ser branco”.

Contratado pelo Barcelona, fez jus ao nome e maravilhou a todos, inclusive conquistando o torneio da região em 1932. Pelo clube espanhol, o negro brasileiro foi a Paris e recebeu do jornal “France Football” este elogio: "Ele faz com espantosa facilidade o que outros fariam com um esforço sobre-humano. Fausto, com seu futebol maravilhoso, veio ensinar à Europa como deve jogar um center-half".

Mas a gripe voltou a incomodá-lo. E fez com que se indispusesse com a direção do clube espanhol, que exigia que ele jogasse mesmo com febre. Acabou rescindindo o contrato. No Barcelona, Fausto ganhou muito dinheiro, mas gastou tudo na boemia. Em 1933, foi jogar no Young Fellows, da Suíça, onde ficou somente dois meses. Jornais da época já falavam sobre seu estado de saúde e achavam que o jogador tinha consciência da tuberculose e de sua gravidade, embora nada comentasse.

Retornou ao Brasil e ao Vasco em 1933, para um ano depois ser outra vez campeão carioca, jogando ao lado dos geniais Domingos da Guia e Leônidas da Silva, o "Diamante Negro". Em 1935, o Nacional de Montevidéu o contratou. No Uruguai não teve o mesmo brilho de antes, sendo expulso de campo em quase todos os jogos. Com a saúde bastante abalada o craque brasileiro não conseguia mais correr os dois tempos de uma partida. E por isso voltou ao Brasil, em 1936, para jogar no Flamengo.

No rubro-negro teve o azar de se deparar com o técnico húngaro Dori Kruschner, fã do sistema WM que consistia de 3 beques, 2 médios, 2 meias e 3 atacantes e um rígido treinamento físico, até então inédito no país. Fausto já não tinha gás, por isso o técnico o escalou na zaga. Fausto não gostou e pediu rescisão do contrato, que lhe foi negada no clube e na Justiça. Acabou substituído no time titular pelo atacante alemão Engels, que foi adaptado como centromédio.

Em 1938, porém, vendo-se sem chance e humilhado, Fausto se retratou em carta exaltando o trabalho de Kruschner. O “Maravilha Negra” ainda voltou a jogar com o aparente talento de sempre. E foi até cogitado para a Seleção Brasileira que iria à Copa do Mundo, disputada na França. Mas a velha e cruel gripe, cheia de tosse, veio abatê-lo de novo. Uma tarde, após jogar entre os aspirantes do Flamengo, sentiu-se mal e teve hemoptise. Quando quis retornar aos treinos, em 1939, os médicos o enviaram ao Sanatório Mineiro, escondido nos cafundós do Estado de Minas Gerais, sem muita esperança de curá-lo da tuberculose.

Sob os cuidados da irmã Catarina, abnegada freira que lhe incutiu a fé cristã através de doutrinação oral e de um livro emprestado, o negro que viera do Rio de Janeiro viveu seus últimos momentos. Ao início da noite, depois de arder em uma febre de graus elevados, com a respiração sôfrega e os pulmões corroídos, Fausto, aos 34 anos de idade deu seu último suspiro.

E por lá mesmo Fausto dos Santos foi enterrado sem grandes pompas em cova rasa, cravada por uma tosca cruz de madeira, sem nome nem data. Morreu tendo conquistado 2 títulos cariocas para o Vasco, em 1929 e em 1934 e marcando seu nome como um dos maiores futebolistas de todos os tempos! E morreu na miséria. Um fim triste para um jogador que, menos de uma década antes, encantara o mundo

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

C.R. Vasco da Gama

VASCO DA GAMA (RJ) 1 X 0 FLAMENGO (RJ)
Data : 10/01/1961
Torneio Internacional De Verão
Local : Estádio Do Maracanã / Rio De Janeiro
Arbitro : Eunápio De Queiroz
Gols : Azumir 09/1º
VASCO DA GAMA: Humberto Torgado, Paulinho, Bellini, Orlando, Coronel, Écio, Laerte, Sabará, Azumir, Pinga (Joãozinho) e Ronaldo / Técnico : Martim Francisco
FLAMENGO: Ari, Santana, Bolero, Nelinho, Jordan, Carlinhos, Gerson (Germano), Luís Carlos (Moacir), Henrique, Dida e Babá / Técnico : Flávio Costa

VASCO DA GAMA (RJ) 1 X 1 ATLÉTICO PARANAENSE (PR)
Data : 09/06/1974
Campeonato Brasileiro
Local : Estádio Couto Pereira / Curitiba
Arbitro : José Favilli Neto
Público : 9.445
Gols : Jaílson 01/1º e Liminha 10/2º
VASCO DA GAMA: Andrada, Paulo César, Miguel, Joel Santana, Fidélis, Alcir, Zanata, Jorginho Carvoeiro, Roberto Dinamite, Fred e Jaílson (Amarildo) / Técnico : Mário Travaglini
ATLÉTICO PARANAENSE: Altevir, Cláudio Deodato (Daúca), Almeida, Alfredo, Lazinho, Didi Duarte, Caio, Bira Lopes, Sicupira, Sergio Galocha e Liminha / Técnico : Waldemar Carabina

VASCO DA GAMA (RJ) 3 X 1 CHAPECOENSE (SC)
Data : 19/03/1978
Amistoso Interestadual
Local : Estádio Índio Condá / Chapecó
Arbitro : Dalmo Bozzano
Público : 16.021
Gols : Jorge 01, Guina 04, Zanata 38 e Paulinho 44/2º
VASCO DA GAMA: Mazarópi, Orlando (Fernando), Gaúcho, Geraldo, Marco Antônio (Paulo César), Zé Mário (Paulo Roberto), Zanata, Guina, Wilsinho (Helinho), Roberto Dinamite e Ramon (Paulinho) / Técnico : Orlando Fantoni
CHAPECOENSE: Luiz Carlos, Cosme, Zé Carlos, Décio, Caica, Janga, Carlos Alberto, Evans, Wilsinho (Isaías), Jorge (Marcinho) e Eluzardo (Arturo) / Técnico : Áureo

VASCO DA GAMA (RJ) 1 X 1 AMERICANO (RJ)
Data : 13/11/1985
Campeonato Estadual
Local : Estádio Godofredo Cruz / Rio De Janeiro
Arbitro : Luiz Carlos Félix
Público : 5.625
Gols : Gilmar 14/1º e Roberto Dinamite 06/2º
VASCO DA GAMA: Acácio, Heitor, Fernando, Newmar, Paulo César, Vítor (Mauricinho), Luís Carlos, Gersinho, Santos, Roberto Dinamite e Romário (Silvinho)
/ Técnico : Antônio Lopes
AMERICANO: Geraldo (Fernando), Edinho, Luciano, Paulo Marcos, Abelardo, Gilmar, Luís Alberto, Vandinho, Zé Carlos (Pagani), Amarildo e Zezé Gomes / Técnico : Pinheiro

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Barbosa

Crédito: www.museudosesportes.com.br
Barbosa - o melhor goleiro vascaíno

por: José de Oliveira Ramos

Moacir Barbosa Nascimento era paulista da cidade de Campinas, onde nasceu no dia 27 de março de 1921. Moacir ficaria conhecido mundialmente como Barbosa, goleiro da seleção brasileira de 1950.

Como era normal naqueles tempos, Barbosa começou a jogar na Desportiva Comércio e Indústria, time amador de Campinas, extinto na década de 60. Era ponta-esquerda dos bons. Da mesma forma que aconteceu com vários goleiros brasileiros, durante uma partida em que o goleiro titular da Desportiva Comércio estava sendo muito exigido, esse acabou se contundindo, e não havia goleiro no banco de reservas.

Como Barbosa atuava como ponta-esquerda, o técnico entendeu que ele poderia ser útil como goleiro, e o ataque, que naqueles tempos atuava com cinco jogadores, não sentiria tanto a sua ausência. A atuação de Barbosa foi satisfatória e, como o goleiro titular apresentou uma contusão de demorada recuperação, a partir do primeiro dia de treinamentos da semana, Barbosa continuou treinando como goleiro.

A partir dos jogos seguintes Barbosa passou a ser o goleiro titular da Desportiva Comércio, até despertar o interesse do Ypiranga. Mas ainda permaneceu na Desportiva nos anos de 40 e 41, integrando a seleção amadora paulista por diversas vezes, sendo considerado, já como goleiro, uma das maiores revelações daquela competição.

Finalmente, em 1942 Barbosa chegaria ao Ypiranga de Campinas/SP, time da primeira divisão paulista, onde atuou até 1944. O bom time do Ypiranga terminou o campeonato paulista de 1942 em terceiro lugar e Barbosa era o destaque.

Indicado por Domingos da Guia, seu grande amigo e incentivador, Barbosa transferiu-se para o Vasco da Gama em fins de 1944. Em 45, as seguidas contusões não permitiram que ele aparecesse. No ano seguinte, porém, disputou todo o campeonato carioca como titular e seu nome passou a ser lembrado para a seleção brasileira.

No Vasco da Gama, entretanto, Barbosa acabou substituindo o goleiro Rodrigues. Ele só iria conseguir a vaga de titular em 1946, permanecendo dono da posição até meados de 1956.

Barbosa chegou ao Vasco da Gama num momento especial para o clube que, na época, começou a montar um de seus maiores times, o chamado Expresso da Vitória. Com a nova camisa vascaína e definitivamente como goleiro titular, Barbosa conquistou os títulos cariocas de 1945, 1947, 1949, 1950, 1952 e 1958. Foi também um dos mais importantes jogadores na conquista do Campeonato Sul-Americano de Campeões (que mais tarde substituiria a atual Copa Libertadores da América) em 1948. Naquela oportunidade, o goleiro Barbosa acabou defendendo um pênalti cobrado por Labruna, na última partida, que garantiria a conquista do título para o Vasco.

Em 1948 Barbosa chegaria à seleção brasileira. Barbosa estreou na Copa Rio Branco, no Estádio Centenário, em Montevidéu, contra o Uruguai, no dia 4 de abril de 1948. O empate de 1 a 1 foi o resultado, com gols de Danilo Alvim e Falero. Na segunda partida, Luiz Borracha assumiu a titularidade.

Finalmente, titular absoluto na Seleção Brasileira, Barbosa teve o ponto baixo de sua carreira na Copa de 50. O Brasil só precisaria de um empate para sagrar-se pela primeira vez campeão mundial. A partida estava 1 a 1, até que o ponta uruguaio Ghiggia recebeu a bola na área e, fingindo que iria lançar, chutou no canto direito do gol. Barbosa, pego de surpresa, acabou chegando atrasado, numa das poucas falhas de sua carreira. No final, o Uruguai acabou sendo o campeão, e principalmente pelo fato de ser negro, Barbosa foi feito de bode expiatório e acusado como o culpado pela derrota.

Em 49, sob o comando de Flávio Costa, o Brasil preparava-se para o Sul-Americano, no Rio de Janeiro e em São Paulo, e também para a Copa do Mundo de 1950. Barbosa ganhou o posto de titular e disputou todos os jogos no período de 3 de abril a 11 de maio, conquistando o título de campeão sul-americano: Equador (9 a 1), Bolívia (10 a 1), Chile (2 a 1), Colômbia (5 a 0), Peru (7 a 1), Uruguai (5 a 1), Paraguai (1 a 2 e 7 a 0).

De 6 a 18 de maio, o Brasil disputou com uruguaios e paraguaios, respectivamente, a Copa Rio Branco e a Taça Osvaldo Cruz. Barbosa atuou em todos os jogos contra o Uruguai (3 a 4 no Pacaembu e 3 a 2 e 1 a 0 em São Januário), enquanto Castilho foi o goleiro das duas partidas diante do Paraguai (2 a 0 em São Januário e 3 a 3 no Pacaembu).

No dia 24 de junho de 1950, o Brasil estreou na Copa do Mundo. Barbosa era titular absoluto e disputou todos os jogos, contra México (4 a 0), Suíça (2 a 2), Iugoslávia (2 a 0), Suécia (7 a 1), Espanha (6 a 1) e Uruguai (1 a 2).

Mudança - Com a perda do Mundial, na escalação para o Pan-Americano de 52, no Chile, a CBD substituiu Flávio Costa no comando técnico da seleção:

" Houve a mudança de treinador e o Zezé Moreira veio com espírito de renovação. Levou o Castilho, Osvaldo Baliza e, se não me engano, o Cabeção. Mas, em 1953, eu voltei à seleção com o Aymoré Moreira e fui ao Sul-Americano de Lima, com Castilho e Gilmar. Nos meus quase dez anos de seleção, foi um dos piores momentos, nunca vi coisa igual."

O Paraguai foi campeão sob o comando de Fleitas Solich, que depois veio para o Flamengo. Barbosa jogou apenas contra o Equador (2 a 0 para o Brasil). Seria o último jogo na seleção do extraordinário goleiro, apontado por muitos de seus colegas como o maior de todos os tempos. (Saite oficial do Vasco da Gama)

Em 1953, num jogo contra o Botafogo pelo Torneio Rio-São Paulo, teve a perna quebrada num choque com o atacante Zezinho. Em princípio, teve uma grande depressão. Somente se recuperou quando o Hospital dos Acidentados começou a fazer filas para os torcedores que desejavam visitá-lo. Mesmo depois do desastre na Copa do Mundo, Barbosa sentiu o quanto ainda era querido pela torcida carioca. Vasco da Gama)

Nos anos de 1955 e 1956 Barbosa mudaria para Recife, onde passou a defender as cores do Santa Cruz. Retornou ao Rio de Janeiro em 1956 para defender as cores do Bonsucesso, time da Zona Leopoldina. O Bom trabalho realizado em Recife lhe garantiu mais dois anos de contrato com o clube pernambucano, onde ainda jogou em 1958, 1959 e 1960. Barbosa retornou mais uma vez ao Rio de janeiro, agora para defender o Campo Grande, clube da Zona Oeste do Rio e onde, finalmente, encerraria a carreira profissional.

Depois de encerrar a carreira, passou a trabalhar como funcionário da Suderj, no Maracanã. Barbosa morreu no dia 7 de abril de 2000 na cidade de Santos-SP, onde vivia recluso, ao lado de uma filha adotiva.

Títulos:
Copa Roca: 1945; Copa Rio Branco: 1947, 1950; Campeonato Carioca: 1945, 1947, 1949, 1950, 1952, 1958; Sul-Americano de Clubes: 1948; Copa América: 1949; Torneio Rio - São Paulo: 1958; Torneio Quadrangular do Rio: 1953; Torneio de Santiago do Chile: 1953. Pela Seleção Brasileira - 22 jogos , 16 vitórias , 2 empates , 4 derrotas , levando 29 gols. Pela seleção brasileira Barbosa conquistou o Campeonato Sul-Americano (1949) e a Taça Rio Branco (1950).

Fonte : http://www.jornalpequeno.com.br/

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Vasco da Gama 2000


Uniforme usado pelo CR Vasco da Gama durante a partida final da Copa João Havelange, nome dado ao Campeonato Brasileiro de 2000. A conquista do quarto título brasileiro foi sobre a revelação da competição, o então quase desconhecido São Caetano. Uma vitória por 3 x 1 garantiu ao time de Romário o campeonato.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Tribunal da vergonha e sem vergonha


Querem nos derrubar mas somos fortes, valorosos, nobres e vascaínos e ninguem conseguirá.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Vagner


Versátil, muito técnico e bom no apoio e na marcação, Vágner Rogério Nunes, o Vágner, foi um dos grandes meio-campistas que o Brasil teve no final dos anos 90. Dono de personalidade forte, Vágner se destacou em vários clubes do futebol brasileiro _em alguns deles saiu de forma polêmica_ e brilhou também na Roma, da Itália, e no Celta de Vigo, da Espanha. Ele encerrou a carreira em 2005, depois de uma rápida passagem pelo Atlético Mineiro, e foi morar em Londrina (PR).

Filho de Zé Rubens, meio-campista "bigodudo" do Noroeste de Bauro nos anos 70, Vágner chegou a cursar faculdade de Jornalismo, mas desistiu por achar que não era a sua praia. Agora pensa em prestar vestibular para relações-públicas. Abriu uma empresa de segurança para atuar com eventos como formaturas e casamentos. Paralelamente, administra os imóveis que adquiriu ao longo da carreira e comenta partidas de futebol na Rádio Globo da cidade paranaense. Casado, tem um casal de filhos que nasceu na Espanha, Alexandre e Uxia. "Mexo com os times de vôlei da prefeitura de Londrina, mas sinceramente não quero trabalhar com esporte. Ser empresário então, nem pensar".

Nascido em Bauru (SP) no dia 19 de março de 1973, Vágner começou a carreira de jogador no Paulista de Jundiaí (SP), no começo dos anos 90. Em 1994, ele se transferiu para o União São João, que além dele contava com jogadores como o ponta-direita Israel, o zagueiro Beto Médici, o lateral-esquerdo Carlos Roberto (jogou ainda no Corinthians e Portuguesa) e o saudoso centroavante Ozias (ex-Atlético Paranaense).

Depois de bons campeonatos estaduais pelo time de Araras, Vágner foi sondado por vários clubes grandes do futebol brasileiro. Chegou a ficar próximo do Parque São Jorge, mas foi o Santos que o contratou em 1995. No mesmo ano, Vágner, jogando com a camisa 7 do Peixe, ajudou a equipe comandada pelo técnico Cabralzinho a conquistar o vice-campeonato brasileiro. O título nacional ficou com o Botafogo, mas os santistas reclamam até hoje da arbitragem confusa de Márcio Rezende de Freitas na grande final.

A boa participação do Santos naquele Brasileirão valorizou muitos atletas. Vágner teve o seu passe comprado pela Roma, time italiano que sempre contou com vários brasileiros. A passagem de Vágner pelo país da Bota durou quase dois anos. Sem se firmar como titular do time italiano, Vágner retornou ao Brasil em 1998 para defender o Vasco da Gama, onde chegou a atuar como lateral-direito no Torneio Rio-São Paulo de 1999, competição vencida pelo clube de São Januário.

Em 2000, Vágner foi um dos principais jogadores do São Paulo. Pelo Tricolor, ele foi campeão paulista do mesmo ano. O jogador deixou o time do Morumbi de forma polêmica, já que não aceitou defender a equipe são-paulina nos jogos finais da Copa do Brasil. Vágner estava com contrato prestes a terminar e não aceitou a renovação. O São Paulo chegou à final do torneio, mas foi superado pelo Cruzeiro.
Depois do São Paulo, Vágner retornou ao Velho Continente. Lá, ele foi defender o Celta de Vigo. Apesar do time não ser cheio de estrelas, o meio-campista conseguiu se destacar e chegou a ser sondado por outros grandes times da Europa.

C.R. Vasco da Gama

Famoso esquadrão vascaíno de 1959 onde vemos vários jogadores que foram símbolos do clube da colina histórica.

O goleiro Moacir Barbosa ficou marcado pela perda do título da Copa do Mundo de 1950 no Maracanã mas foi várias vezes campeão carioca e do Sul Ameicano de clubes em 1948 no Chile.

O miolo da zaga foi a mas famosa da história do clube. Belini vindo de São Paulo e Orlando Peçanha dos juvenis foram campeões carioca de 1958 e da Copa do Mundo da Suécia no mesmo
ano. Depois Orlando foi para o Boca Juniors e Belini para o São Paulo onde foi novamente campeões Mundial no Chile em 1962. O lateral Ortunho, gaúcho de nascimento, depois de 3 anos no clube retornou ao futebol dos pampas onde foi várias vezes campeão estadual pelo Grêmio de Porto Alegre.

O ponta direita Sabará, trocado por vários jogadores da Ponte Preta em 1952, ficou 12 anos em São Januário onde foi Campeão carioca em 1952,1956,1958, do Torneio Rio-São Paulo em 1958 e de vários outros torneios.Já em final de carreira jogou na Portuguesa carioca.
O atacante pernambucano Almir, oriundo do Spor Recife foi um dos melhores jogadores do time e também muito polêmico. Transferiu-se para o Corinthians e depois rodou por vários clubes e envolveu-se numa briga generalizada na final do Campeonato carioca de 1966 quando defendia o Flamengo. Morreu assassinado em Copacabana algum tempo depois.

No ataque também despontavam o meia Rubens revelado pelo futebol paulista e um jogador já consagrado quando chegou ao clube oriundo do rival Flamengo onde fora tri-campeão estadual em 1953,1954 e 1955; o centro avante Vavá também vindo do Sport Recife e bicampeão mundial pela seleção em 1958 e 1962 e depois passou ao Palmeiras e Pinga, genial jogador que veio da Portuguesa de Desportos onde foi e seu maior artilheiro e umas das figuras mais queridas do time. No Vasco da Gama foi campeão carioca em 1956 e 1958, do Torneio Rio-Sãp Paulo de 1958.
Enfim um grande esquadrão e praticamente se encerrava aí uma das fases mais gloriosas do Vasco da Gama pois, a decada de 60 não foi muito generosa em questão de conquistas.

Fonte: www.esquadroesdefutebol.blogspot.com

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Cordel

Os Artilheiros do Vasco da Gama no Campeonato Nacional

Vasco da Gama fez artilheiros
e que no total somaram oito,
só dois fizeram menos dezoito,
nesse Campeonato Brasileiro.
Roberto Dinamite o primeiro,
Edmundo, deles foi o maior.
Não sei qual deles foi o melhor
se Bebeto, ou o Paulinho
ou Romário aquele baixinho
que ainda bota bola no filó.

Cento e noventa Roberto fez,
até hoje não foi superado.
Em São Januário é consagrado.
Jogou com Bebeto e Romário.
Com Moisés, aquele armário,
ele foi campeão brasileiro,
pela primeira vez artilheiro.
Ensinou Edmundo, Animal,
que a ele não ficou igual,
mas que é outro grande boleiro.

Romário, o baixinho marrento,
já foi artilheiro por três vezes,
faz quarenta e um este mês.
O Baixinho é mesmo nojento,
e também ainda muito briguento,
mesmo assim continua jogando,
e belos gols está ainda marcando.
À torcida vai dando alegrias,
não tem reza nem ave Maria,
e adversários vai assombando.

Agora falaremos do Animal,
este também nasceu lá no Vasco.
Do Flamengo sempre foi carrasco,
só se comportava pouco mal.
Agora voltou ao seu normal,
está jogando bem: um bolão.
Nunca jogou na segunda divisão.
Do Palmeiras ao Figueirense,
jogou até naquele Fluminense.
Mas, seu amor é pelo Vascão.

O Bebeto era flamenguista,
do Vasco foi jogar na Espanha,
o presidente quase apanha,
mas também ajudou na conquista
em cima de um time paulista
de um Campeonato Nacional.
Um feito muito sensacional,
jogo no campo do adversário,
pra isto não foi nem necessário
se jogar a partida final.

Outro jogador sensacional:
o bom ponta esquerda Paulinho,
que se entendia bem direitinho
com o Roberto: o imortal.
Os dois eram mesmo tal e qual:
a dupla Coutinho e Pelé.
Bola rolando de pé em pé
gols aos montes eles faziam
na hora que eles bem queriam.
Não se esqueça também do Dé.

Lá também teve um bom goleiro,
Mazaropi recorde bateu.
A FIFA até já reconheceu
que ele nunca foi um frangueiro
e que sempre foi muito ligeiro,
de mil e oitocentos minutos
precisou pra vencer seu reduto,
este foi o tempo necessário,
que ele exigiu dos adversários,
aquele bom goleiro matuto.

Obs: Mazaropi recebeu um prêmio da FIFA por ter batido o recorde mundial sem levar gols. Sua meta ficou invicta por 1816 minutos, de setembro de 1997 a maio de 1978. Roberto Dinamite foi o jogador que mais gols marçou até hoje no Campeonato Brasileiro, 190 no total. Edmundo foi o jogador do Vasco da Gama que mais gols marcou até hoje em um único Campeonato Nacional, 29 gols.

Autor: Henrique Cesar Pinheiro

Fonte: http://www.usinadeletras.com.b

Romário




Romário, o sabe-tudo de bola

por Antonio Falcão
Como um rei espartano / Romário, não, tem outro itinerário /
é Lima Barreto falando javanês / esse extraordinário cigano.

Romário é de repente. Sempre foi. Desde que nasceu em 29 de janeiro de 1966, no Rio. Seu Edevair, o pai, pensou que não sobrevivesse. Porém, ele cresceu saudável na favela do Jacarezinho, onde aos três anos já chutava bola. E foi se aprimorando até que o pai criou o Estrelinha, time no qual Romário foi visto em 79 por uns vascaínos. À época, a família dele já morava na Vila da Penha e, ansioso, o jovem foi fazer teste em São Januário. Mas voltou logo, pois, por conta do tamanho, um técnico o rejeitara, dizendo-lhe que só servia para lavar capô de fusca. Então, desolado, o filho de Edevair foi brilhar no infanto-juvenil do Olaria carioca.

De repente, em 80, Romário voltou ao Vasco e foi aceito. Lá, engoliu a bola e foi para o escrete brasileiro de juniores em 1985, quando se profissionalizou. Antes de ser bicampeão estadual em 87/88 e no torneio espanhol Ramón de Carranza pelo clube, ele estreou na equipe principal do Brasil em 23 de maio de 87 e, ano seguinte, foi às Olimpíadas de Seul ser vice-campeão, assim como ganhar no escrete as taças do bicentenário australiano e do Torneio do Povo. Isso serviu para Romário ser vendido ao holandês PSV Eindhoven. Antes de ir para a Europa, ele casou com Mônica, em quem faria dois filhos. No time de Eindhoven, foi tricampeão nacional e venceu 2 Copas da Holanda. Pela seleção, venceu no Rio a Copa América de 89. E, ano seguinte, mesmo com o perônio esquerdo complicado, Romário esteve no Mundial da Itália para disputar apenas o primeiro tempo da partida contra a Escócia.

Ele ficaria no PSV até meados de 1993, quando foi para o Barcelona. Nesse ano, fez as eliminatórias pelo Brasil e se sagrou campeão da Liga espanhola. Em 94, além de bisar o título pelo Barça, sagrar-se-ia campeão mundial, tendo sido ainda escolhido pela Fifa o melhor jogador dessa Copa.

Em todos esses tempos e clubes a marca de Romário foi a inigualável artilharia. Porém, em 95, antes de jogar no Flamengo carioca, o ídolo desfez seu casamento e se encrencou com cartolas e técnicos, que (segundo ele) só o convocaram, para salvar a Pátria em 1993 e 94, a pedido do presidente da CBF.

No Rio, depois de curtir muita noitada na Europa, o Baixinho (como é chamado) deu trabalho à boemia. Mas em campo jamais repercutiu nele esse tipo de vida, a ojeriza a treinamento físico, concentração... Até porque, atuando, Romário quase não corria, podendo de repente explodir, sobretudo se estivesse no seu habitat, a grande área. Todavia, próximo de completar 30 anos, nele aflorou um estrelismo que o fazia discriminar, até, aos colegas de profissão nos clubes e no escrete brasileiro. Depois, a sua postura na imprensa passou a ser imperial e, aos poucos, o Baixinho ia se afastando ou sendo afastado da seleção brasileira.

Em 1996, após ter feito o campeonato estadual pelo Flamengo, Romário se transferiu para o Valência espanhol, clube no qual teve uma passagem meteórica. Sem ambiente na Espanha, ele voltaria por empréstimo ao Flamengo para ser campeão carioca de 97. E, depois, retorna ao Valência contundido, sem ânimo e fora de forma. À época, recém-casara com Daniele, que lhe daria um filho - o terceiro da grife Romário de Souza Faria. Mas, de repente, ainda em 97, de novo na Gávea, ele foi o artilheiro no Rio. E pelo Brasil seria vencedor do Torneio da França, da Copa América, na Bolívia, e da Copa das Confederações, na Arábia Saudita.

A presença de Romário na seleção que foi à Copa de 1998 mexeu com a expectativa geral. Esperava-se que com Ronaldo ele formasse a dupla de área imbatível. Só que o Baixinho era malvisto na comissão técnica. Mas, na qualidade de o maior homem de área do mundo, Zagallo teve que engoli-lo. No entanto, a inflamada panturrilha direita do filho de seu Edevair ficaria do lado do treinador e, por isso, o craque foi cortado.

À distância, frustrado, Romário viu o Mundial e, a serviço de uma emissora de televisão, fez comentários isentos. No jogo contra o Marrocos, ele resumiu a entrada de Edmundo no lugar de Bebeto: "Entrou quem devia, saiu quem não devia". O povo entendeu a simplicidade. E concordou. Finda a emoção da Copa, nesse mesmo 98, o Baixinho em cinco jogos pelo Flamengo foi o artilheiro carioca (15 gols). Ano seguinte, bisou a artilharia (16), fez o Fla campeão do Rio, foi goleador da Copa Mercosul (8) e o Chuteira de Ouro da revista Placar. Mas, de repente, em 2000 voltou ao Vasco, onde não só repetiu a artilharia do campeonato carioca (19) e da Copa Mercosul (11), como foi goleador do torneio Rio-São Paulo (12), campeão do Brasil, escolhido de novo o Chuteira de Ouro, o melhor craque das Américas (para um jornal uruguaio) e superou Roberto Dinamite - 62 gols, em 81 - na artilharia vascaína com 67 tentos. A seguir, Romário venceu a Taça Rio, foi goleador do Campeonato Brasileiro (21) e bisou o título de melhor das Américas.

Entre a Copa da França e 2002, Romário foi para o escrete só 4 vezes: uma, em 99, com o técnico Luxemburgo, outra com Émerson Leão e duas com Scolari. Este, o queria na Copa América de 2001, mas o Baixinho descartou, o que irritara o técnico. Diz-se, até, que esse incidente foi o carro-chefe da não ida dele à Copa do Mundo na Ásia. Será?

Seja como for, Romário já deu prova que foi dos craques mais geniais da história. Mas, infelizmente, no afã de ser convocado aos 36 anos para um Mundial, o ídolo com essa envergadura fez a tolice de rogar na mídia que o técnico Scolari o chamasse. A rigor, de repente, ver um artista desse porte sair do execrável estrelismo ao rebaixamento público dói. Sua trajetória profissional, por si, o desautorizaria a tomar essa atitude de pedir pela imprensa para ser convocado. Daí, mesmo com o Brasil tendo ganho o Mundial na Ásia, esse atacante foi o derrotado número um. E, sabendo disso, ele se transferiu em 2002 para o Fluminense, talvez querendo dizer que sobreviveria a tudo - até ao futebol medíocre do Catar, que o contratara por três meses a US$ 1,5 milhões, em 2003. Mas, no ano seguinte - quando, por ironia, foi dito que ele "era um ex-atleta em atuação" -, Romário voltou ao Fluminense pra jogar de vez em quando. Aí, de repente, volta ao Vasco para ser o maior goleador do Campeonato Brasileiro de 2005 e exigir privilégios. Até março de 2006, ele insiste em jogar aos 40 anos. E alega a necessidade de fazer o milésimo gol na carreira. Mas pode largar o Vasco ou tudo. Afinal, Romário sempre foi de repente.

PS.: Este texto de Antonio Falcão afalkao@hotmail.com integra o livro "Os Artistas do Futebol Brasileiro.

E o dia 20 de maio de 2007 entrou para a História. Romário, aos 40 anos fez o seu milésimo gol no seu palco de São Januário, com seu Vasco da Gama. Também de pênalti, como Pelé.

Fonte: http://www.contrapie.com

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Marco Antonio Boiadeiro

Crédito: http://www.netvasco.org/mauroprais

No dia 16 de Dezembro de 1989, num Sábado, São Paulo e Vasco da Gama jogaram no Estádio do Morumbi pela decisão do Campeonato Brasileiro de 1989 e o time da Colina histórica saiu-se vencedor pelo escore de 1 tento a zero gol de cabeça de Sorato e sagrando-se bicampeão da competição.

Principal Artilheiro
Túlio (Goiás): 11 Gols
O Jogo

SÃO PAULO (SP) 0 X 1 VASCO DA GAMA (RJ)
Data: 16/12/1989
Campeonato Brasileiro
Local: Estádio de Morumbi / São Paulo
Juiz: Wilson Carlos dos Santos (RJ);
Público: 71.552
Cartão Amarelo: Luiz Carlos Winck, Acácio e Zé do Carmo
Gol: Sorato 05/2º
SÃO PAULO: Gilmar, Netinho, Adílson, Ricardo Rocha e Nelsinho; Flávio, Bobô e Raí;
Mário Tilico, Ney e Edivaldo (Paulo César) / Técnico: Carlos Alberto Silva.
VASCO DA GAMA: Acácio, Luiz Carlos Winck, Quiñones, Marco Aurélio e Mazinho;
Zé do Carmo, Marco Antônio Boiadeiro e Bismarck; Sorato, Bebeto e William / Técnico: Nelsinho Rosa

O Craque: Marco Antonio Boiadeiro

São raros os casos de jogadores que conseguem alcançar o estrelato, defender grandes clubes e chegar à Seleção Brasileira. Um desses felizardos é Marco Antônio Ribeiro, nascido e criado na zona rural e que ganhou o apelido de Boiadeiro assim que desembarcou em Ribeirão Preto para atuar no juvenil do Botafogo. “Eu ia de bota, fivelona e de chapéu”, recorda o meio-campista, que acumulou títulos no Vasco, Cruzeiro e Corinthians, três potências do futebol nacional. Boiadeiro nasceu no dia 13 de junho de 1965, na fazenda Prece, município de Paulo de Faria, e foi registrado em Américo de Campos. Passei a infância em Duplo Céu e Paulo de Faria”, diz. Depois de alguns toques refinados em campos da região, ele foi levado ao Botafogo pelo ex-zagueiro Paulão, para fazer testes na cidade de Bonfim Paulista, em 1981. “De 39 garotos, só eu fui aprovado”, orgulha-se.

Ficou nas categorias de base cinco anos, quando foi promovido ao time profissional, em 1985. Estreou no empate sem gols com a Inter de Limeira, pelo Paulistão. No ano seguinte já era titular absoluto e atuou com Raí, Mário Sérgio, Paulo Rodrigues, o goleiro Gasperin, entre outras feras. No segundo semestre foi emprestado ao Guarani, que em troca cedeu Rubens Feijão e mais um bando ao Botafogo. Foi vice-campeão brasileiro pelo Bugre ao perder nos pênaltis a épica final para o São Paulo, após empate de 1 a 1 no tempo normal e por 2 a 2 na prorrogação. Repetiu o feito no ano seguinte ao ser derrotado pelo Sport na final. Teve o passe comprado pelo clube campineiro, onde permaneceu até dezembro de 1988, faturando ainda o vice-campeonato paulista ao perder a decisão para o Corinthians por 1 a 0, gol do então novato Viola. No ano seguinte, o Vasco adquiriu o vínculo do armador. A equipe carioca foi campeã brasileira - na final bateu o São Paulo por 1 a 0, no Morumbi, gol de Sorato -, e também conquistou o Troféu Ramon de Carranza, na Espanha, e a Supercopa (equivalente hoje à Copa Sul-Americana). Também ajudou o clube cruzmaltino a levantar o caneco da Taça Guanabara e o vice do Carioca de 1990.

O auge de sua carreira ocorreu no Cruzeiro, onde foi bicampeão da Supercopa (1991/92), campeão mineiro (1992) e campeão da Copa do Brasil (1993). Com um futebol simples, mas eficiente, foi convocado pelo técnico Carlos Alberto Parreira para disputar a US Cup, nos Estados Unidos, e a Copa América do Equador, ambas em 1993. Disputou cinco jogos pela Seleção Brasileira, com duas vitórias, dois empates e uma derrota, mas acabou crucificado por ter perdido um pênalti diante da Argentina, na semifinal da Copa América, que culminou com a eliminação do Brasil. Irritado, denunciou Zagallo e dirigentes da CBF. “Eles só levam para a Seleção jogadores de empresários”, acusou, na época. Ficou quatro meses no Flamengo, em 1994, quando foi vice-campeão carioca. Em agosto daquele ano chegou ao Corinthians. Estreou no empate de 1 a 1 com o Sport, dia 17, quarta-feira, no Pacaembu, pelo Brasileirão. No domingo seguinte, marcou o segundo gol no empate de 2 a 2 com o Grêmio. Participou de cinco dos 38 jogos na campanha do título paulista de 1995. Na conquista da Copa do Brasil do mesmo ano, atuou apenas na vitória de 2 a 1 sobre o Paraná, no jogo de volta das quartas-de-final, ao entrar no lugar de Tupãzinho. No total, foram 25 jogos, com 11 vitórias, seis empates, oito derrotas e dois gols marcados pelo Timão.

Fatura título da Série B e garimpa novos talentos
Com a chegada do volante Bernardo ao Corinthians, Marco Antônio Boiadeiro foi perdendo espaço e, ao perceber que não estava nos planos do técnico Mário Sérgio, pediu para ser negociado. Acertou com o Rio Branco de Americana, onde atuou com o volante Marcos Assunção, e foi vice-campeão do Torneio Início do Paulistão de 1996. “Perdemos a final para o Palmeiras”, informa. Também foi vice no Campeonato Goiano de 1996, pelo Anápolis. “Na decisão, fomos prejudicados pelo juiz Antônio Pereira da Silva, que deu um pênalti inexistente para o Goiás”, lamenta. Retornou a Belo Horizonte, mas desta vez para atuar no Atlético-MG. No segundo semestre, ao lado de Gilberto Silva, atualmente no Liverpool, Milagres, Alberto, Pintado, Tupãzinho e outros craques, ajudou o América-MG a faturar o título do Brasileiro da Série B. Boiadeiro é um dos poucos jogadores que tiveram o privilégio de defender os três maiores clubes mineiros e ser campeão em dois deles (Cruzeiro e América). Em 2000, transferiu-se para o Barbarense, onde ficou pouco tempo e decidiu pendurar a chuteira. Hoje, ele possui a empresa Boiadeiro Assessoria Esportiva, que avalia semanalmente, em diversas cidades, cerca de 300 meninos de 11 a 18 anos.
O ex-meia ainda tem tempo para criar gado e cultivar cana em suas propriedades rurais, em Poloni e Paranapuã.
Casado com Cristina e pai de Ana Beatriz e Natália, Boiadeiro cultiva cana e cria gado nas duas fazendas que possui em Poloni (onde mora) e Paranapuã. Paralelamente, ele montou a empresa Boiadeiro Assessoria Esportiva, que garimpa jovens talentos e os encaminha ao Cruzeiro. O ex-jogador conta com o apoio de Daniel Pereira, que é agente Fifa, e dos observadores Marcos, Marlon e Batata.

Clubes
1985: Botafogo (SP)
1986-1988: Guarani(SP)
1989-1991: Vasco da Gama (RJ)
1991-1993: Cruzeiro (MG)
1994: Flamengo (RJ)
1994-1995: Corinthians (SP)
1996: Rio Branco (SP)
1996: Anápolis (GO)
1997-1998: América (MG)
1998-1999: Atlético Mineiro (MG)
2000: Sãocarlense (SP)

Títulos
Campeonato Brasileiro: 1989
Supercopa Libertadores: 1991, 1992
Campeonato Mineiro: 1992
Copa Brasil: 1993, 1995
Campeonato Paulista: 1995
Campeonato Brasileiro (2ª divisão): 1997
Campeonato Mineiro: 1999

Fontes: coluna Flash Bola, sambafoot

A Grandeza do Vasco

Autor: Mário Filho
Fonte: Revista Manchete Esportiva
Data: Agosto/1956.

O que marcou o Vasco foi o futebol e não o remo. Como remo o Vasco se ofendia menos. A prova está naquela piada do "Entra Basco que o meu marido é sócio". Nasceu em voz de falsete no pavilhão, todo de ferro lavrado, da Praia de Botafogo. Era uma espécie de tribuna de honra do remo. Parecia grande e era pequeno, com uns cinco degraus, se tanto. Quem disse a piada pela primeira vez era do Flamengo. Mas a piada só alcançou sucesso no futebol. Então o português se ofendeu e, se ofendendo, meteu-se-lhe na cabeça fazer do Vasco o maior clube da América do Sul. Naquele tempo a geografia do torcedor não ia mais longe. A descoberta da Europa só se verificou em 24, quando o Paulistano andou pela Europa. É o caso de se perguntar como seria o Vasco se não tivesse mexido com o português. O Vasco ficara na sede e na garagem de Santa Luzia, que não eram essas coisas.

Talvez, sem a piada, sem a ofensa ao português, o Vasco se contentasse com o campo da rua Moraes e Silva. Mas aqueles "Entra Basco que o meu marido é sócio", "O Basco é uma putência", com U, foram preparando a reação do português. Enquanto o Vasco venceu, o português achou graça. Ria com os outros e mais até que os outros, que acabavam baixando a cabeça, calando a boca, porque o Vasco entrava mesmo. Pode-se começar a contar a história da grandeza do Vasco do dia em que ele perdeu para o Flamengo. Era uma derrota só num campeonato de vitórias, o de 23, mas parecia que ninguém nunca perdera, que o Vasco era o primeiro a perder. Foi um gozo. Durante uma semana não se fez outra coisa senão caçoar do português. O português achou, então, que a única solução era a vitória. E meteu a mão no bolso.

Mexia-se muito com o português naquela época. E só quem a viveu pode fazer uma idéia do papel que representou o Vasco na identificação completa do brasileiro e do português. Foi através do Vasco que o brasileiro conheceu melhor o português. E conhecendo aprendeu a gostar dele, aberto, franco, generoso, lusidíaco, se me permitem o termo. Há sempre um Albuquerque em qualquer português. O que o português fez no Vasco cabia numa página dos Lusíadas. Do campinho da rua Moras e Silva, o Vasco deu um salto para São Januário. Gozado, o português sentiu despertar nele, invencível, a velha fibra lusitana. Hoje o Maracanã não deixa ver direito o esforço gigantesco.

Quando, porém se inaugurou São Januário, olhando-o, medindo-o com os olhos do espanto, muita gente achou-o um despropósito. Para que um estádio daquele tamanho? Já o do Fluminense, para encher, só com o Vasco. Ampliado em 22, o estádio das Laranjeiras parecia, antes do Flamengo x Vasco de 23, o Maracanã antes do Brasil x Uruguai de 50. Qual, não ia encher nunca. O Vasco, porém, queria tudo assim, gigantesco, o maior de todos e de longe. Só assim, foi o que se meteu na cabeça do vascaíno, poderia viver tranqüilo, respeitado, livre de graçolas. Para poder trabalhar em paz e ganhar o seu dinheiro.

Hoje ninguém faz idéia do que era a vida de um vascaíno naquele tempo. Ele vivia sob a ameaça de uma derrota do Vasco. Se o Vasco perdesse ele teria que se esconder. Não adiantavam os cartazes pendurados ao lado das registradoras: "Roga-se não falar em futebol". E não se falava em outra coisa. Uma das graças de Bernardo Wull, esse mesmo, depois da derrota do Vasco, era pegar um maço de jornais e bancar o jornaleiro na porta da Casa Campos. Olha a derrota do Vasco, a grande derrota do Vasco, olha a derrota do Vasco! Com um pouco o trânsito estava impedido. E não se podia entrar e nem sair na Casa Campos.
Daí esse ideal vascaíno de invencibilidade. Para isso se fez o Vasco tão grande. E cada vez maior, maior, maior.

O que ajudou o Vasco a crescer atrapalhou-o um pouco. Porque é impossível atingir o ideal da invencibilidade. Não basta ter o melhor time, um verdadeiro escrete. O Vasco foi o clube do escretes, Fazia-os e desfazia-os. Era só o escrete perder. Ciro Aranha foi o primeiro presidente do Vasco a compreender que o Vasco tinha, também, de pagar o quinhão da derrota. Ensinou o Vasco a esperar. Só um brasileiro, dentro do Vasco, podia compreender isso. Porque não temia as graçolas, cada vez mais raras, de outros brasileiros. O Vasco era tão brasileiro como o mais brasileiro dos clubes.
O destino do Vasco era o mesmo do Brasil português: tornar-se brasileiro. Mesmo se o Vasco não adquirisse a popularidade que adquiriu, conquistando uma imensa legião de torcedores brasileiros, o português se encarregaria disso. Porque ele viera ao Brasil para ficar. E aqui criava família, estendia as raízes brasileiras. O certo é que as piadas foram desaparecendo. O Vasco podia perder. Já o sócio não rasgava a carteira, que era outra piada. O brasileiro acostumou-se a respeitar o português. Não se podia caçoar do português: senão, em vez de São Januário, ele construiria um Maracanã.

Por isso não se sabe se a morte da piada à custa do vascaíno fez mais bem ou mais mal ao Vasco. Fez bem porque o vascaíno já não perde a cabeça com uma derrota do Vasco. Mas a gente não deve esquecer que foi perdendo a cabeça que o vascaíno fez aquelas admiráveis loucuras, que transformaram o Vasco no colosso de São Januário. É verdade, porém que o Vasco construiu a piscina e a sede náutica sem ser espiaçado. E não foi só o português que meteu a mão no bolso. O brasileiro também. O Vasco sabe que pode sonhar qualquer coisa e que tem forças para transformar qualquer sonho em realidade.
Exceto aquele de não perder nunca. Foi a solução que ele aprendeu e que é como a repetição daquela história do pai que, ao morrer, confessou aos filhos que tinha enterrado uma fortuna. Os filhos cavaram tudo em busca do tesouro. Enquanto não encontravam o tesouro, iam plantando pra viver e, plantando, tornaram-se ricos. O trabalho é que era o tesouro. Mas se não sonhassem com o tesouro enterrado, os filhos se dispersariam, não se apagariam a terra, não a cavariam, não a lavrariam.

O Vasco precisava do estímulo, do acicate da piada. Precisava sentir-se ofendido e humilhado, que o foi. E escorraçado, de campo a campo. O campo da rua Moraes e Silva só servia para treino. Lá foi o Vasco para o campo do Fluminense. Mas o torcedor do Fluminense ia para trás do gol de Nelson da Conceição. E toca a dizer coisas. O Vasco saiu do Fluminense e caiu no campo do Flamengo, o da Paissandu, o das palmeiras, que esticavam pescoços intermináveis de girafas, deitando-se no espelho de sombra do gramado. E foi, como se pode imaginar, muito pior. Os gols, no campo do Flamengo, ficavam quase encostados ao muro. Assim o torcedor do Flamengo podia gritar coisas quase ao ouvido de Nelson Conceição.

E lá teve o Vasco, feito um errante dos campos, que ir para o Andaraí. No Andaraí ele era como o dono. Pagava o campo, o Andaraí precisava daquele aluguel, que não falhava. Mas o Vasco já caminhava para São Januário. A resposta dele àqueles torcedores que mexiam com Nelson Conceição, que tantas faziam que Nelson Conceição acabava engolindo um gol que não devia entrar, foi São Januário. Agora o Vasco não tem mais que responder a ninguém. De quando em quando sente saudades daquele tempo, quer se ofender de novo, mas a verdade é que não precisa. Basta querer para fazer, e ninguém duvida disso.

Fonte: www.semprevasco.com

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Niginho

Nome: Leonísio Fantoni
Nascimento: 12/2/1912, Belo Horizonte-MG
Falecimento: 5/9/1975
Período no Vasco DA Gama: 1937 a 1939
Posição: Atacante
Por ser alto e forte, Niginho fazia da raça a sua principal caracteristica. Armar jogadas não era seu forte. Em compensacao tinha grande facilidade de romper defesas com piques rapidos.

Niginho era um dos quatro Fantoni revelados pelo futebol mineiro, alem dos irmaos Ninao e Orlando, tambem centroavantes, e o primo-irmao Nininho, lateral esquerdo. Os quatro comecaram no Palestra (atual Cruzeiro), e emigraram um por um para a Italia, onde alcancaram sucesso nos anos 20 e 30, jogando pelo Lazio. Na Italia passaram a ser conhecidos como Fantoni I (Nininho), Fantoni II (Ninao), Fantoni III (Niginho) e Fantoni IV (Orlando). Orlando Fantoni, inclusive, tambem teve passagens pelo Vasco, tanto como jogador quanto como tecnico.

Idolo do Lazio, Niginho, no entanto, acabou expulso do pais por se recusar a participar da guerra fascista contra a Abissinia em 1936. De volta ao Brasil, foi contratado pelo Vasco. Foi artilheiro do campeonato carioca de 1937 e reserva de Leonidas na selecao que disputou a Copa do Mundo de 1938 na Franca. Por ocasiao da partida semifinal, por ironia contra a Italia, Leonidas nao podia jogar e a Federacao Italiana, com o referendo de Mussolini, vetou a escalacao de Niginho. A FIFA covardemente acatou a ordem e tirou do jogador a chance de participar da competicao.

Fonte: http://www.netvasco.com.br/mauroprais