sábado, 28 de junho de 2008

Tesourinha

TESOURINHA, A FLECHA (1921-1979)

Já foi dito que no Rio de Janeiro, em 3 de dezembro de 1921, nasceu Danilo Alvim. Pois bem, nessa mesma data, em Porto Alegre, no sul do Brasil, veio ao mundo Osmar Fortes Barcellos, o futuro Tesourinha, que seria o melhor ponta nacional e da América nos anos 40 do século passado. Como se verá mais adiante, o "maravilhoso ponteiro" - a expressão é de Zizinho - teria ainda muitas coisas em comum com o Príncipe Danilo, além desses dia, mês e ano de nascimento.
Só que, antecedendo a fama, o menino Osmar foi um típico brasileiro: passou fome e a marca dessa carência se estampou no corpo mirrado que ele exibia em 1939, ao 18 anos, jogando pelo Ferroviário, time da Ilhota, ex-vila da capital do Rio Grande do Sul, hoje batizada de Praça Garibaldi. Lá um olheiro do Internacional viu Tesourinha fazendo o que queria com a bola na ponta-esquerda e chamou-o para o colorado gaúcho, à época treinando e jogando no Estádio dos Eucaliptos. De cara, os diretores do clube viram que haviam descoberto um diamante, carente apenas de pequena lapidação de ordem física. E isso foi feito quando o Inter autorizou uma padaria próxima ao estádio a fornecer a Tesourinha pão e leite, a fim de que o novato pudesse adquirir massa muscular. Nessa época, ele não ganhava salário algum do clube e para se manter trabalhava como armeiro na Brigada, que é o nome que os gaúchos dão à polícia militar. Outra medida tomada pelo Internacional: deslocá-lo para a direita - a ponta-esquerda era de Carlitos, o maior artilheiro do clube porto-alegrense e, à época, uma espécie de dono do time. Na equipe colorada havia ainda outros craques, como Ávila e Nena, e se preparava para receber Adãozinho. Estes três iriam para o escrete nacional no anos 40 - sendo que os dois últimos foram reservas da seleção brasileira na desastrada Copa do Mundo de 1950, jogada no Brasil.

Assim, em 23 de outubro de 39, o negro luzidio Tesourinha vestiu pela primeira vez a camisa de profissional do Inter e venceu o Cruzeiro de Porto Alegre. Desde o início, ele estabeleceu empatia à primeira vista com a torcida, iniciando a trajetória de ídolo da história do clube e de um dos jogadores mais completos do País. No ano seguinte, Tesourinha compôs o "Rolo Compressor", que seria hexacampeão gaúcho - de 1940 a 45 -, afora outras conquistas.

Enquanto isso, no resto da Nação repercutiu o prestigio do craque de Porto Alegre. E Flávio Costa, técnico estreante na equipe nacional, não hesitou em convocá-lo para enfrentar o Uruguai em um jogo amistoso em honra aos soldados brasileiros que combatiam o execrável nazi-fascismo, na Itália. Era o primeiro gaúcho a ir diretamente do Rio Grande para o escrete. E o ponta-direita colorado, também debutando pelo Brasil, brilhou nesse 14 de maio de 1944 no campo do Vasco da Gama, em São Januário, no Rio, onde venceu de 6 a 1 aos uruguaios, tendo feito inclusive um belo gol.

A partir daí, Tesourinha ganharia a opinião pública como o atleta excepcional que se deslocava com a rapidez de um raio, driblava divinamente, chutava preciso e servia aos companheiros bolas com açúcar. Tanto que, em 1945, esse craque foi titular absoluto nos 6 jogos do Brasil no campeonato sul-americano do Chile, onde formou este fantástico ataque: ele, Zizinho, Heleno de Freitas, Jair Rosa Pinto e Ademir Menezes. Sobre tal grupo, aliás, o Mestre Ziza escreveu nas memórias: "Foi sem dúvida a melhor seleção em que joguei". E aí então Tesourinha se fez íntimo de Danilo Alvim - inclusive em política, tanto que votaram, juntos com Leônidas da Silva, em Iedo Fiúza, o candidato comunista à Presidência da República. A essa altura, a crítica esportiva de vários países o elegeu como o melhor extrema-direita do Continente. Em dezembro desse ano de 45, a Copa Roca seria jogada no Brasil - que foi o vencedor da competição - com Tesourinha tendo participado do primeiro jogo.

Em 1946, quando o "Rolo Compressor" colorado permitiu que o Grêmio ganhasse o certame gaúcho, com o selecionado brasileiro Tesourinha esteve na Taça Rio Branco - ganha pelo Uruguai - e no tumultuado sul-americano vencido pela Argentina. Neste certame - em só um tempo, contra o Paraguai -, o ponteiro gaúcho compôs a linha atacante do século 20 com Zizinho, Leônidas, Ademir e Heleno. No biênio 47-48, quando se sagrou mais duas vezes campeão estadual, esse legendário ponta do Inter venceu pelo Brasil a Taça Rio Branco. E ainda o campeonato sul-americano de 1949. Bem como, em concurso promovido pelo analgésico Melhoral, Tesourinha foi eleito nacionalmente pelo povo o maior craque brasileiro, tendo o half Danilo ficado em 2o lugar. Pela eleição, o atacante ganhou de prêmio um apartamento no Rio. Após tais êxitos, no final desse ano Tesourinha trocou o colorado pelo Vasco da Gama e fez parte do inigualável "Expresso da Vitória", equipe na qual o seu amigo Danilo Alvim era uma das estrelas mais luzentes.

Em 50, diante do Uruguai, ele atuou duas vezes na vitória da Taça Rio Branco - perfazendo 23 jogos e 10 gols pelo Brasil. Nessa competição, em 14 de maio - curiosamente, a mesma data em que estreara no escrete em 1944 -, ele se machucou com gravidade e teve que operar os meniscos, o que o pôs fora do escrete que jogou a Copa do Mundo de triste memória para os brasileiros. Em seu lugar, o todo-poderoso técnico Flávio Costa improvisaria o half Alfredo, o meia Maneca, ambos vascaínos, e o são-paulino Friaça, este que, no máximo e em outras circunstâncias, seria suplente do ex-colorado. Assim, convalescendo da cirurgia, Tesourinha viu fugir a chance de jogar um Mundial. E, ainda pior, amargurou com os seus compatriotas aquela derrota histórica no Maracanã.

Compensando o revés, nesse 1950 o gaúcho teve pelo Vasco da Gama o seu único título no campeonato carioca. E ainda defendeu a equipe cruzmaltina na temporada de 51. Em março do ano seguinte, voltou ao sul a pedido do Grêmio, o arquiinimigo do seu ex-clube porto-alegrense. Isso, com um porém: ao aceitar o convite, Tesourinha quebrou um velho, ridículo e repugnante preconceito estatutário: foi o primeiro negro a vestir a jaqueta tricolor. Os fascistóides "gremistas vigilantes" protestaram contra a sua contratação e o ponta-direita com isso fintou também com habilidade esse obelisco da estupidez racista. E recebeu do então vice-presidente do clube, Luís Assunção, esta recompensa: "Tesourinha acabou como o arianismo no Grêmio. É um abolicionista que o Vasco da Gama nos mandou". O craque ficou no Grêmio até 55, época em que no clube Aírton Pavilhão começava a brilhar. A seguir, em troca de um emprego, Tesourinha foi encerrar a bela carreira no apagado time do Nacional gaúcho, onde jogaria os estaduais de 1956 e 57, quando finalmente deu por concluída a profissão de atleta.

Dele, contudo, ficou algo jamais esclarecido: Por que o apelido de Tesourinha? Há quem afirme que veio do fato de brincar Carnaval em um bloco chamado Os Tesouras. Outros acham que era por ter um irmão mais velho conhecido como Tesoura. Por fim, alguns asseguram que foi por causa dos seus dribles "cortantes", parecendo uma pequena tesoura.

Osmar Fortes Barcellos morreu em 16 de junho de 1979 e, homenageando-o, a prefeitura de Porto Alegre deu o seu nome artístico a um ginásio poliesportivo. E ainda a legitimidade de - hoje, junto com Falcão - ostentar na galeria de craques do Internacional a coroa de rei. Justíssimo: Tesourinha fez por merecer tudo isso.

Nota: Este texto é um dos capítulos do novo livro de Antonio Falcão afalkao@hotmail.com, "Os Artistas do Futebol Brasileiro" - 50 minibiografias de A a Z

Guina




Aguinaldo Roberto Gallon Ota nasceu em Ribeirão Preto em 4 de Dezembro de 1958
Guina, o popular Agnaldo de Ribeirão Preto-SP, ex-meio-campista do Vasco da Gama e do Comercial, o “Bafo” de Ribeirão, mora em Madrid, Espanha, onde há sete anos é o secretário particular do lateral Roberto Carlos.

Ele tem três filhos, casou-se no Rio de Janeiro e foi revelado pelo Comercial de Ribeirão Preto quando. Em 1976, fez apenas quatro jogos pelo “Leão do Norte” no Paulistão e foi logo contratado pelo Vasco da Gama.

Depois de três anos em São Januário transferiu-se para a Espanha, onde jogou por 11 anos e defendeu quatro equipes.

Em 1990, voltou ao Rio de Janeiro, mas desde 1991 retornou à Espanha de onde não mais saiu.



Foi Campeão Carioca em 1977 e Vice Campeão Brasileiro em 1979

Cláudio Adão


1985
Em pé: Milton, Roberto Costa, Ivan, Airton, Renê e Vitor
Agachados: Mário Tilico, Gilberto, Cláudio Adão, Geovani e Silvinho

Cláudio Adalberto Adão, o Cláudio Adão, ex-centroavante do Santos, Flamengo, Botafogo, Vasco da Gama, Fluminense, Portuguesa, Corinthians e outras várias equipes, foi auxiliar técnico de Lula Pereira e hoje trabalha como treinador do Metropolitano de Blumenal, que disputa o Campeonato Catarinense da primeira divisão.

Nascido no dia 2 de julho de 1955, em Volta Redonda (RJ), Cláudio Adão começou a carreira de jogador no Santos, equipe que defendeu de 1972 a 1976. No Peixe, Cláudio Adão foi uma espécie de "estrela solitária", já que o time da Vila havia sofrido uma reformulação no elenco e sofria com a ausência de Pelé, que tinha ido para os Estados Unidos.

Ele foi contratado pelo Flamengo em 77 e, apesar das contusões, fez boa dupla com Zico no time da Gávea. Artilheiro em praticamente todas equipes que defendeu, Cláudio Adão fez 591 gols em sua carreira, que foi encerrada na Desportiva (ES), em 1995.

Ele também defendeu as seguintes equipes: FK Austria (Áustria), Al Ain (Emirados Árabes), Benfica (Portugal), Bangu, Bahia, Cruzeiro, Portuguesa, Sport Boys (Peru), Campo Grande, Alianza (Peru), Ceará, Santa Cruz, Pesquero Chimbote (Peru), Volta Redonda e o Rio Branco (ES).

Com a camisa rubro-negra, no final dos anos 70, o centroavante fez 153 partidas (99 vitórias, 31 empates e 23 derrotas) e marcou 80 gols (fonte: Almanaque do Flamengo - Clóvis Martins e Roberto Assaf). Já pelo Corinthians, em 1989, Cláduio Adão jogou 32 vezes (16 vitórias, sete empates e nove derrotas) e marcou 13 gols (fonte: Almanaque do Corinthians - Celso Unzelte), destaque para um de calcanhar contra o arqui-rival Palmeiras no Campeonato Brasileiro daquele ano.
Fonte: Site milton Neves

Roberto Costa

Roberto Costa

Por dois anos seguidos, o prêmio Bola de Ouro, concedido pela revista Placar ao melhor jogador do Campeonato Brasileiro, foi parar nas mãos de um goleiro. A honra, ainda inédita, coube a Roberto Costa, nos anos de 1983 e 1984.

O ex-goleiro foi premiado defendendo dois clubes diferentes. No primeiro ano, Roberto Costa jogou pelo Atlético-PR. Suas ótimas atuações o levaram, na temporada seguinte, a vestir a camisa do Vasco da Gama.

No entanto, apesar da glória pessoal, Roberto Costa não conseguiu ser campeão brasileiro em nenhuma das oportunidades. Com o rubro-negro paranaense chegou ao terceiro lugar, então melhor campanha do clube no Brasileiro. Pelo Vasco, o goleiro foi vice-campeão.

Na decisão, o time vascaíno perdeu para o Fluminense por 1 a 0, no primeiro jogo. Na partida decisiva, um empate por 0 a 0 deu o título ao clube tricolor. "Foi triste. Faltou este título", disse Roberto Costa de Foz do Iguaçu, onde mora atualmente.

Aos 51 anos, Roberto Costa ainda se mantém no futebol. Recentemente arriscou-se em Tocantins. O ex-goleiro foi técnico do Araguaína e, apesar de ter levado o time à semifinal do campeonato estadual, acabou demitido.

"Uns amigos que moram lá indicaram meu nome lá. Fui no início de janeiro. Fizemos um bom trabalho. Classifiquei o time para as semifinais. Mas houve uma desavença e um diretor não gostava de mim", contou.

Tocantins, porém, foi apenas uma rápida passagem na vida de Roberto Costa. O ex-goleiro já voltou para o Paraná e deve iniciar um trabalho no ABC de Foz do Iguaçu. Roberto Costa irá cuidar das categorias de base do clube.

"Estou investindo na carreira. Vou fazer um curso agora em julho", explicou. Mas, além da preparação teórica, Roberto Costa também conta com sua experiência no futebol, tanto dentro como fora de campo.

"Fui treinador de goleiro na Arábia Saudita e no Qatar. Trabalhei muito tempo fora, com o Paulo Campos, o Lori Sandri. Isso deu uma capacidade boa de trabalhar", disse o ex-goleiro.

No Santos

A carreira de Roberto Costa começou no Santos, em 1973. O goleiro teve uma rápida passagem pelo Criciúma, antes de chegar ao clube onde alcançaria pela primeira vez a consagração nacional. Em 1977, Roberto Costa foi contratado pelo Atlético-PR.

No time rubro-negro, após um período inicial de dificuldades, Roberto Costa foi fundamental na conquista do bicampeonato estadual em 1982 e 1983 - o Atlético-PR não conquistava o título desde 1970.

Mas o goleiro destacou-se nacionalmente durante a disputa do Campeonato Brasileiro. A equipe paranaense chegou ao terceiro lugar, eliminando o São Paulo, um dos favoritos do torneio na época, nas quartas-de-final.

No primeiro jogo, disputado em Curitiba, o Atlético-PR venceu o São Paulo por 2 a 1. Na partida de volta, no Morumbi, uma vitória simples classificaria a equipe paulista. Porém, após segurar forte pressão, os rubro-negros venceram por 1 a 0, gol de Assis.

"Foi um dos maiores jogos que eu fiz na minha carreira", relembrou Roberto Costa. "No primeiro tempo só deu São Paulo e só eu joguei da nossa equipe. Na segunda etapa o time se acertou e vencemos. Foi uma das minhas melhores partidas", disse.

Na semifinal, apesar de dois duelos apertados, o Atlético-PR acabou eliminado pelo Flamengo. No primeiro jogo, no Rio de Janeiro, o rubro-negro carioca venceu por 3 a 0. O time paranaense chegou a fazer 2 a 0 na volta, mas faltou um gol para a classificação.

Apesar de ter ficado fora da final, as atuações de Roberto Costa despertaram o interesse de vários times e o goleiro acabou acertando com o Vasco. Depois de uma briga acirrada com Acácio, o ex-jogador do Atlético-PR acabou assumindo a vaga de titular.

Com a equipe vascaína, Roberto Costa foi ainda mais longe no Brasileirão. Mas novamente não ficou com o título, que acabou com o Fluminense. "Eram as duas melhores equipes na época. Foram dois grandes jogos. O Vasco fez uma bela campanha", disse.

Curiosamente, na decisão daquele Campeonato Brasileiro, Roberto Costa enfrentou dois ex-companheiros de Atlético-PR. Também pela campanha no ano anterior, a dupla Washington e Assis agora estava no time rival.

"Aí eles tinham ido para o Fluminense", relembro o ex-goleiro. Um fato, porém, enche Roberto Costa de orgulho. "Mas nunca levei gol de nenhum deles. Só do Romerito", divertiu-se, lembrando do atacante paraguaio do time tricolor.

Apesar de lamentar não ter conquistado o título nacional nos dois anos, Roberto Costa teve uma compensação. "Foi gratificante a convocação para a seleção. O treinador era o Edu (Antunes). Fui convocado para três amistosos", contou.

Dos três jogos, Roberto Costa foi titular contra a Inglaterra, no Maracanã. Apesar de boa atuação, o Brasil acabou derrotado por 2 a 0 pelos ingleses. Antes dessa chance em 84, o ex-goleiro acabou perdendo outra convocação por um detalhe burocrático.

"Em 83 eu estava sendo observado para a seleção brasileira. Mas não fui chamado porque não tinha passaporte. Aí foi o Paulo Sérgio (ex-Botafogo)", disse.

Clubes

Santos (72 a 76)
Criciúma (76 a 77)
Atlético-PR (78 a 81, 82 a 83 e 86 a 87)
Coritiba (81)
Vasco (83 a 85)
Internacional (85)
América-SP (86)
Noroeste-SP (88)
Esportivo-MG (88)
Flamengo-MG (89)
Taguatinga-DF (89)
Caldense (90)



Títulos
Paranaense:82 e 83
Brasiliense: (89)

Flávio Costa


Flávio Rodrigues Costa nasceu na cidade mineira de Carangola no dia 14 de setembro de 1906. Foi uma das figuras mais importantes do futebol brasileiro, principalmente, nos anos 40 e 50. Foi modesto jogador do Flamengo. Teve uma carreira curta de sem brilho. Centro médio de poucos recursos técnicos, fazia da força o seu argumento para combater o adversário. De temperamento forte, uma das suas marcas registradas, acabou ganhando o apelido de “Alicate” porque usava as pernas para apertar os adversário em terríveis carrinhos.

Mas, foi como treinador que ele ganhou destaque no cenário esportivo. Na sua época era um verdadeiro Rei, um técnico acima do bem e do mal. Logo cedo, atendeu a um pedido da diretoria do Flamengo e ficou como auxiliar do técnico do húngaro Dori Kurschner. Quando assumiu a direção técnica do clube da Gávea, passou a ser um grande líder e um disciplinador ferrenho. Tornou-se um grande estrategista, colocando-se no topo dos treinadores do Brasil ao fim da primeira metade do Século XX.

Foi o treinador que mais tempo dirigiu o Flamengo, em várias oportunidades. Foi ele quem aprovou a contratação de Zizinho, depois de colocá-lo em campo com uma missão quase impossível – “Você aí, de Niterói ? Tem 10 minutos para mostrar que pode jogar no Flamengo”. E Zizinho mostrou, entrando no lugar do famoso Leonidas da Silva. Flávio também marcou época no Vasco da Gama, onde por diversas vezes foi campeão. Também trabalhou no exterior onde dirigiu clubes portugueses. Foi técnico da seleção brasileira por mais de uma década. Conquistou o titulo sul americano de 1949, mas acabou marcado por ser o treinador que perdeu a Copa do Mundo de 1950.

Trabalhou como técnico até a década de 60, quando decidiu se aposentar, por entender que o futebol já não tinha mais lugar para um homem do seu temperamento, que jamais admitiu que um jogador discutisse uma ordem sua ou praticasse um ato de rebeldia sem ser severamente punido. Teve o célebre desentendimento com Gerson, o canhotinha de ouro, que acabou se transferindo para o Botafogo em 1963, ano em que Flavio conduziu o Flamengo ao titulo de campeão carioca, depois de relegar dois outros grandes ídolos do clube – Dida e Henrique – a suplência, numa de suas muitas decisões polêmicas e corajosas.

Depois disso, Flavio ainda trabalhou no Flamengo como supervisor, mais como ele mesmo dizia já não tinha paciência para ser “bábá” de jogadores. Foi campeão pelo Flamengo nos anos de 1942/43/44 e 1963. Campeão pelo Vasco em 1947, 1949, 1950, 1952 e um titulo sul-americano de clube em 1948. Também foi campeão brasileiro pelos cariocas em várias oportunidades. Flávio Costa morreu aos 92 anos, no dia 22 de novembro de 1999. Seus últimos dias foram vividos no Flamengo, como membro ilustre de um grupo de sócios denominados “Boca Maldita”.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Gentil Cardoso

Vasco da Gama

Campeão Carioca de 1952
Nascido no Recife em 05 de julho de 1906 e falecido no Rio de Janeiro em 08 de setembro de 1970, Gentil Alves Cardoso foi um conceituado e folclórico treinador de futebol. Suas frases de efeito correram o Brasil e ganharam fama, fazendo dele um símbolo do vernáculo futebolístico. Algumas são lembradas até hoje como ‘quem se desloca recebe, quem pede tem preferência’, ‘o craque trata a bola de você, não de excelência’, ‘vai dar zebra’ e ‘só me chamam pra enterro, ninguém me convida pra comer bolo de noiva’, referência ao fato de muitas vezes ter sido lembrado para dirigir times em momentos de turbulência. Nos treinamentos, era comum se utilizar de megafone para falar com os atletas.

Engraxate, garçom, padeiro e militar, Gentil treinou todos os times grandes cariocas: América, Bangu, Flamengo, Vasco da gama, Botafogo e Fluminense. Também comandou Ponte Preta, Corinthians, Seleção Brasileira no Campeonato Sul-Americano de 1959, Sport, Santa Cruz e Náutico. Em Pernambuco, por sinal, ganhou o título estadual pelos três grandes de Recife. Foi o primeiro profissional a comandar Garrincha no Botafogo.

A contratação do mítico ponta botafoguense rendeu uma história curiosa. No dia em o anjo de pernas tortas realizou seu primeiro treino no clube, Gentil não compareceu a General Severiano. Quem comandou a prática foi o filho do treinador, Newton, que não tinha poder para oficializar a negociação. Mas, para sorte dos botafoguenses, o treinador apareceu no vestiário quando os jogadores já estavam trocados. Diante da insistência de Nilton Santos, que tomou um vareio de Garrincha do treino, voltaram para o campo para que Mané fosse avaliado novamente. Depois de entortar a todos, o ponta foi contratado imediatamante com o aval de Gentil.

O time do Vasco da Gama campeão carioca de 1952, tinha vários jogadores com o peito coberto de medalhas conquistadas em anos anteriores. Barbosa. Augusto. Danilo. Ademir. Maneca. Chico e Eli, eram sobreviventes do mundial de 1950. Mas havia ainda o experiente Jorge e o talentoso Ipojucan para reforçar o time vascaino. A rigor, tinha dois novatos. O zagueiro Haroldo e o atacante Edmur.
Para que se tenha uma idéia da dureza do campeonato carioca daquela época, a campanha teve 20 jogos disputados. O Vasco perdeu apenas um jogo e empatou dois. Venceu 17 partidas. O técnico dessa formidável equipe era o conhecido treinador Gentil Cardoso. Os vascainos terminaram o campeonato com seis pontos de vantagem sobre o vice campeão.
Gentil Cardoso, técnico eternamente discutido enquanto viveu, não escaparia de acrescentar mais um fato folclórico à sua carreira. Percebendo que a diretoria do Vasco já estava apalavrado com o treinador Flávio Costa, apesar da grande campanha do clube, foi aos jornais e revelou o que chamava de trama para derrubá-lo. Convencido de que fizera uma manobra acertada do ponto de vista político, a torcida ficou revoltada com a possibilidade de sua saída. Gentil estava feliz no dia da última partida o campeonato, em São Januário. Faixa de campeão no peito, carregado pelos torcedores, ele não se conteve e disse aos repórteres que estavam acompanhando a festa no gramado: O velho Gentil está com às massas. E quem está com às massas está com Deus...

Gentil poderia estar com às massas, poque a torcida gostava dele. Certamente também estava com Deus, porque era um homem de bom coração. Mas, na segunda feira, bem cedinho, Gentil estava no olho da rua, despedido pelo diretoria vascaina.

http://pitacosdobodaum.zip.net/



http://desenvolvimento.miltonneves.com.br/

Edvaldo

1984
Em pé: Edevaldo, Roberto Costa, Donato, Ivan, Daniel González e Oliveira
Agachados: Mauricinho, Geovani, Roberto Dinamite, Marcelo e Marquinho.

Edevaldo de FreitasI, o lateral direito Edvaldo, nasceu no dia 28 de Janeiro de 1958 em Campos (RJ).Pouca gente se recorda, mas Edevaldo fez parte da famosa seleção brasileira que encantou o mundo em 1982 e foi eliminada pela Itália, de Paolo Rossi, na inesquecível Batalha do Sarriá.
O ex-lateral-direito do Vasco da Gama, Fluminense (começou, inclusive, nas categorias de base do Tricolor) e Internacional de Porto Alegre foi reserva do ótimo Leandro, do Flamengo, no Mundial da Espanha. Além de Edevaldo, alguns dos outros reservas do time de Telê em 82 eram os goleiros Paulo Sérgio e Carlos, o zagueiro Juninho, o meia Renato, o volante Batista e Roberto Dinamite.
Com a camisa canarinho, Edevaldo fez 18 jogos, 13 vitórias, quatro empates e uma derrota. Marcou apenas um gol pela seleção e ele foi justamente contra a nossa maior rival: a Argentina, no dia 2 de janeiro de 1981. Hoje, Edevaldo mora em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro (RJ), onde é dono de escolinha de futebol.


Carreira

Clubes 1979-1981: Fluminense-RJ
1981-1983: Internacional-RS
1983-1985: Vasco de Gama-RJ
1986: Sporting Clube do Portugal - Portugal
1986: Botafogo-SP
1987: Bangu-RJ
1988: Vila Nova-GO
1989: America-RJ
1990: Pouso Alegre-MG
1991: America-RJ
1991: Castelo-ES
1992: Portuguesa-RJ
1992: Izabelense-PA
1993: Portuguesa-RJ
1994: Muniz Freire-ES
1995: Barra-RJ
1995-1996: Portuguesa-RJ
1996-1997: Mesquita-RJ
1998: Jacarepaguá-RJ

Títulos por equipe

Campeonato Carioca: 1980
Campeonato Carioca (2ª divisão): 1996

Troféu João Gamper (Espanha): 1982

Gols pela Seleção: 1
Seleção: 18 Jogos

terça-feira, 24 de junho de 2008

Campeonato Carioca de Juvenis /1954

CAMPEONATO CARIOCA DE JUVENIS / 1954

CAMPEÃO: CLUBE DE REGATAS VASCO DA GAMA

1ª Rodada:
VASCO DA GAMA (RJ) 2 X 3 SÃO CRISTOVÃO (RJ)
Data: 22/08/1954
Local: Teixeira de Castro (Bonsucesso)
VASCO DA GAMA: Mauro, Thomaz e Vianna; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Josemar, Murilo, Roberto e Dodô.
Gols: Josemar e Roberto

2ª Rodada
VASCO DA GAMA (RJ) 2 x 0 BONSUCESSO (RJ)
Data: 29/08/1954
Local: Laranjeiras
VASCO DA GAMA: Almeida, Thomaz e Vianna; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Murilo, Roberto e Dodô.
Gols: Wilson e Roberto

3ª Rodada:
VASCO DA GAMA (RJ) 4 X 0 MADUREIRA (RJ)
Data: 05/09/1954
Local: Teixeira de Castro
VASCO DA GAMA: Almeida, Thomaz e Vianna; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Gerson, Luiz, Murilo, Roberto e Dodô.
Gols: Luiz, Roberto, Murilo e Dodô

4ª Rodada: Folga

5ª Rodada
VASCO DA GAMA (RJ) 3 X 3 BOTAFOGO (RJ)
Data: 19/09/1954
Local: Laranjeiras
VASCO DA GAMA: Almeida, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Castelo, Roberto e Dodô.
Gols: Roberto (2) e Wilson

6ª Rodada:
VASCO DA GAMA (RJ) 1 x 1 PORTUGUESA (RJ)
Data: 26/091954
Local: Conselheiro Galvão
VASCO DA GAMA: Castilho, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Josemar, Castelo, Roberto e Dodô.
Gol: Wilson

7ª Rodada
VASCO DA GAMA (RJ) 2 X 1 AMÉRICA (RJ)
Data: 02/10/1954
Local: Laranjeiras
VASCO DA GAMA: Wagner, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Murilo, Roberto e Dodô.
Gols: Wilson (2)

8ª Rodada:
VASCO DA GAMA (RJ) 0 X 1 FLAMENGO (RJ)
Data: 11/10/54
Local: Moça Bonita
VASCO DA GAMA: Wagner, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Murilo, Roberto e Dodô.

9ª Rodada:
VASCO DA GAMA (RJ) 2 x 1 OLARIA (RJ)
Data: 24/10/1954
Local:Figueira de Melo
VASCO DA GAMA: Wagner, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Castelo, Roberto e Dodô.
Gols: Luiz e Castelo

10ª Rodada
VASCO DA GAMA (RJ) 2 x 1 FLUMINENSE (RJ)
Data: 31/10/1954
Local: Gávea
VASCO DA GAMA: Wagner, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Castelo, Roberto e Dodô.
Gols: Luiz e Dodô

11ª RODADA:
Data: 07/11/1954
VASCO DA GAMA (RJ) 1 x 0 Bangu (RJ)
Local: General Severiano
VASCO DA GAMA: Mauro, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Castelo, Roberto e Dodô.
Gol: Dodô

2º TURNO

1ª RODADA:
VASCO DA GAMA (RJ) 2 X 0 BONSUCESSO (RJ)
Data: 14/11/1954
Local: Laranjeiras
VASCO DA GAMA: Mauro, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Castelo, Roberto e Dodô.
Gols: Castelo e Joaquim Henrique

2ª RODADA: Folga
VASCO DA GAMA (RJ) 3 X 0 OLARIA (RJ)
Data: 27/11/1954
Local: Campos Sales
VASCO DA GAMA: Wagner, Thomaz e Pedro; Antônio, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Castelo, Roberto e Dodô.
Gols: Wilson, Roberto e Coronel

4ª RODADA:
VASCO DA GAMA (RJ) 2 x 0 FULMINENSE (RJ)
Data: 06/12/1954
Local: Gávea (Flamengo)
VASCO DA GAMA: Wagner, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Castelo, Roberto e Dodô.
Gols: Roberto e Coronel

5º RODADA:
VASCO DA GAMA (RJ) 1 x 0 SÃO CRISTOVÃO (RJ)
Data: 12/12/1954
Local: Teixeira de Castro
VASCO DA GAMA: Wagner, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Castelo, Roberto e Dodô.
Gol: Luiz

6ª Rodada
VASCO DA GAMA (RJ) 1 x 0 BANGU (RJ)
Data: 19/12/1954
Local: Laranjeiras
VASCO DA GAMA: Wagner, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Castelo, Roberto e Dodô.
GoL: Roberto

7ª RODADA:
Data: 26/12/1954
VASCO DA GAMA (RJ)3 x 0 BOTAFOGO )RJ)
Local: Campos Sales
VASCO DA GAMA: Wagner, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Valmir, Luiz, Castelo, Gerson e Dodô.
Gols: Dodô (2) e Gerson

8ª RODADA:
Data: 02/01/1955
VASCO DA GAMA (RJ) 6 x 0 PORTUGUESA (RJ)
Local: General Severiano
VASCO DA GAMA: Wagner, Pedro e Vianna; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Valmir, Luiz, Castelo, Wilson e Dodô.
Gols: Wilson (2), Coronel, Castelo, Dodô e Valmir

9ª RODADA:
Data: 09/01/1955
VASCO DA GAMA (RJ) 4 x 2 FLAMENGO (RJ)
Local: General Severiano
VASCO DA GAMA: Wagner, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Valmir, Luiz, Castelo, Wilson e Dodô.
Gols: Castelo (2), Dodô e Valmir

10ª RODADA:
Data: 16/01/1955
VASCO DA GAMA (RJ) 1 x 1 AMÉRICA (RJ)
Local: Moça Bonita
VASCO DA GAMA: Wagner, Thomaz e Vianna; Joaquim Henrique, Orlando e Pedro; Wilson, Luiz, Castelo, Wellis e Valmir.
Gol: Wellis

11ª RODADA:
Data: 23/01/1955
VASCO DA GAMA (RJ) 6 x 0 MADUREIRA (RJ)
Local: Teixeira de Castro
Renda: Cr$ 13.614,00 (recorde do campeonato)
VASCO DA GAMA: Wagner, Thomaz e Pedro; Joaquim Henrique, Orlando e Coronel; Wilson, Luiz, Castelo, Roberto e Valmir.
Gols: Wilson (4), Castelo, e Roberto


Elenco

ALMEIDA (José de Almeida Pereira) Goleiro
ANTÔNIO (Antônio de Souza) Médio
CASTELO (Rubens Gladstone Rodrigues da Cunha) Atacante
CASTILHO (José Manoel Freire Bouzas) Goleiro
CORONEL (Antônio Evanil da Silva) Médio
DODÔ (Salvador Ferreira) Atacante
GERSON (Gerson Manno) Atacante
JOAQUIM HENRIQUE (Joaquim Henriques) Médio
JOSEMAR (Josemar Nunes dos Santos) Atacante
LUIZ (Luiz dos Santos) Atacante
MAURO (Mauro Matta Soares) Goleiro
MURILO (Murilo Teixeira) Atacante
ORLANDO (Orlando Peçanha de Carvalho) Médio
PEDRO (Pedro Jorge Calixto) Zagueiro
ROBERTO (Roberto Pinto) Atacante
THOMAZ (Thomaz de Castro Pereira Netto) Zagueiro
VALMIR (Valmir Pacheco Lopes) Atacante
VIANNA (Unvelino Vianna) Zagueiro
WAGNER (Wagner Teixeira de Mello) Goleiro
WELLIS (Wellis Cardoso de Figueiredo) Atacante
WILSON (Wilson Ramos) Atacante

Artilheiros do Vasco:
12 gols Wilson
09 gols Roberto Pinto
07 gols Dodô
06 gols Castelo
04 gols Luiz
03 gols Coronel
02 gols Valmir
01 gol Gerson, Joaquim Henrique, Josemar, Murilo e Wellis


Fonte: Blog História do Futebol

Orlando Peçanha


Em pé: Barbosa, Dario, Beline, Ecio. Orlando e Ortunho
Agachados: Sabará,Almir, Rubens, Vavá e Pinga.


ORLANDO PEÇANHA

Orlando, o Orlando Peçanha de Carvalho, marcante quarto-zagueiro do Vasco da Gama, Seleção Brasileira, Boca Juniors e Santos, nos anos 50 e 60, hoje é presidente da ABTF (Associação Brasileira de Treinadores de Futebol). Orlando mora com a família em Ipanema, Rio de Janeiro, na rua Nascimento Silva.

Nascido no dia 20 de setembro de 1935, na capital carioca, Orlando Peçanha formou grande miolo de zaga com Bellini no Vasco da Gama e também na Seleção. Como quarto-zagueiro cruz-maltino, Orlando teve papel importante nas conquistas dos Cariocas de 1956 e 1958.

Defendeu a Seleção Brasileira nas Copas do Mundo de 1958 e 1966. O estilo técnico de Orlando Peçanha impressionava até mesmo times estrangeiros. O Boca Juniors o contratou em 1960. O quarto-zagueiro defendeu a equipe de maior torcida na Argentina até 1964 e conquistou dois títulos nacionais por lá: 1962 e 1964.

Depois de quatro anos defendendo o Boca, Orlando retornou ao Brasil para vestir a camisa do Santos Futebol Clube. E no time da Vila Belmiro, recheado de craques, Orlando foi campeão da Taça Brasil de 1965.
Juvenil

Currículo:

Campeão Juvenil: 1952/ Fonseca / Niterói
Campeão Juvenil:1954 / Vasco da Gama
Campeão Juvenil: 1954 Campeão Brasileiro de Juvenil / Vasco da Gama

PROFISSIONAL

Campeão Carioca: 1956 / Vasco da Gama
Campeão da Taça Tereza Herrera: 1957 / Vasco da Gama
Campeão do Rio São Paulo: 1957 / Vasco da Gama
Campeão da Taça de Paris: 1957 / Vasco da Gama


Campeão Mundial: 1958

Super Super Campeão Carioca: 1958 / Vasco da Gama
Campeão Rio- São Paulo: 1958 / Vasco da Gama
Campeão da Copa Atlântica: 1959 / Seleção do Brasil
Vice-Campeão Sulamericano de Futebol: 1959 / Seleção do Brasil
Campeão da Copa Roca: 1960 / Seleção do Brasil

Campeão Argentino: 1962 / Boca Juniors
Vice-Campeão Libertadores da América: 1963 / Boca Juniors
Campeão da Copa de Mahomé "V" / 1963
Boca Juniors Campeão Argentino: 1964 / Boca Juniors
Campeão Argentino: 1965 / Boca Juniors

Campeão Paulista: 1965 / Santos
Campeão Brasileiro: 1966 / Santos
Campeão Paulista: 1967 / Santos
Campeão Paulista: 1968

domingo, 22 de junho de 2008

Jogos

VASCO DA GAMA (RJ)1 X 1 DÍNAMO DE MOSCOU (URSS)
Data: 04/12/1957
Amistoso Internacional
Local: Maracanã
Gols:Almir, Fedosov
Juiz:Alberto da Gama Malcher
VASCO DA GAMA: Carlos Alberto, Paulinho, e Belini; Coronel, Écio (Laerte) e Orlando (Barbosa); Lierte (Waldemar), Almir, Wilson Moreira, Rubens e Roberto.
DÍNAMO DE MOSCOU: Yashin, Kesarev e Kryzhevsky; Sokolov, Ketznetsov e Tzariov; Shopovalov, Mamykin, Baniov, Fedosov, Ryzhkin

VASCO DA GAMA (RJ) 1 X 1 SÃO CRISTOVÃO (RJ)
Data: 04/10/1957
Campeonato Carioca
Local: Maracanã
Juiz: Amilcar Ferreira
Gols: Pinga, Hélio
VASCO DA GAMA: Carlos Alberto, Paulinho, Bellini, Laerte, Orlando, Dário, Sabará, Almir, Vavá (Pinga), Valdemar e Almir.
SÃO CRISTOVÃO:Geraldo, Jorge, Ivan, Gilberto, Medeiros, Geraldo, Décio, Wilson, Hélio Lente, Russo e Olivar

VASCO DA GAMA (RJ) 2 X 0 SÃO CRISTOVÃO (RJ)
Data: 7/12/1957
Campeonato Carioca
Local: Maracanã
Juiz:: Eunápio de Queiroz
Gols: Wilson Moreira, Rubens
VASCO DA GAMA: Carlos Alberto, Paulinho, Belini, Écio, Orlando, Coronel, Sabará, Almir, Wilson Moreira, Rubens e Pinga.
SAO CRISTÓVÃO: Humberto, Jorge, Ivan, Gilberto, Osmindo, Medeiros, Geraldo, Hélio Cruz, Russo, Hélio Leite e Olivar

VASCO DA GAMA (RJ)1 X 3 FLUMINENSE (RJ)
Data: 21/9/1941
Campeonato Carioca /1941
Local: Laranjeiras, Rio de Janeiro
Juiz: José Ferreira Lemos
Gols: Russo(2), Pedro Amorim, Orlando
VASCO DA GAMA: Chiquinho, Florindo, Osvaldo Saldanha,Figliola,Dacunto, Zarzur, Carlos Leite, Armandinho, Moacir, Orlando, Gonzalez /Técnico: Telemaco Frazão De Lima
FLUMINENSE:Batatais,Malazzo,Norival,Renganeschi,Russo, Spinelli, Afonsinho, Pedro Amorim, Tim, Pedro Nunes, Carreiro / Técnico: Ondino Vieira

VASCO DA GAMA (RJ) 1 x 0 SERRANO (BA)
Data: 12 / 05 /1985
Amistoso Interestadual
LocalL: Estádio Lomanto Júnior, Vitória Conquista (BA)
Gol:Roberto Dinamite (17' 1ºT).
VASCO DA GAMA: Acácio, Mílton Mendes, Donato, Nei, Ivan, Oliveira, Cláudio José, Rômulo, Mauricinho, Roberto Dinamite e Silvinho (Da Costa).
Técnico:Edu Antunes

VASCO DA GAMA (RJ) 3 x 0 SERRANO (BA)
Data: domingo,06 / 11/ 1987
Amistoso Interestadual
Local: Estádio Lomanto Júnior, Vitória Conquista (BA)
Gols: Luís Carlos (11' 2ºT), Donato (32' 2ºT) e Zé Sérgio (45' 2ºT).
VASCO DA GAMA: Acácio, Paulo Roberto (Mílton Mendes), Fernando, Donato (Morôni), Mazinho, Henrique, Luís Carlos (Zé Sérgio), Geovani (Josenilton), Vivinho (William), Roberto Dinamite e Romário (Bismarck)./ Técnico: Sebastião Lazaroni

Barbosa

BARBOSA, UM INJUSTIÇADO,

"Quando eles fizeram 2 x 1..., aquele silêncio pesou..., o Ghiggia avançou, eu vislumbrei o centro da área e ali havia três carrascos babando, à espera da bola..., o Bigode vem atrás do Ghiggia, Juvenal tenta fazer a cobertura, indo ao encontro de Ghiggia, mas na entrada da área só tem eles, ninguém da defesa, se ele centra não tem como pegar, é gol na certa, fico esperando Ghiggia centrar, dou um passo à frente, porque ele com certeza vai fazer a mesma jogada do primeiro gol, ele sente que eu estou fora, embora viesse de cabeça baixa como touro miúra, mete o peito do pé na bola e ainda toco nela, crente e que foi para escanteio, afinal foi um chute mascado, bateu no gramado, subiu e desceu, nesse átimo de segundo eu dou um passo lateral e salto para a esquerda com todo o impulso que... quando senti o estádio em silêncio total tomei coragem, olhei para trás e vi a bola de couro marrom lá dentro..."

A narrativa é de Barbosa, da seleção brasileira de 1950, que perdeu para o Uruguai a Copa do Mundo, no Rio. Não obstante, ele foi eleito o melhor arqueiro da competição. É o lance de gol mais dramático do futebol. E por ele Barbosa foi vítima. Só pelo gol, um homem sofreu o resto da vida; por um só gol, o racismo disfarçado do Brasil veio à tona - o mesmo preconceito que discriminara o goleiro negro em uma barbearia de Porto Alegre. Tudo está no livro "Barbosa: um gol completa cinqüenta anos", de Roberto Muylaert.

Moacir Barbosa Nascimento era de Campinas, interior paulista, nascido em 27 de março de 1921. Lá, fez o curso primário numa escola onde ainda aprendeu marcenaria. Mas futebol mesmo - com juiz, uniforme e campo demarcado - só conheceu na capital, jogando de ponta-direita no Almirante Tamandaré, equipe do bairro paulistano da Liberdade. Isso até que, para quebrar o galho - como se diz na gíria -, Barbosa trocaria o ataque pelo gol, quando o Tamandaré enfrentava outro timinho varzeano, na Vila Maria.

E na meta, com 1,76 m de altura, adaptou-se ("não tenho que correr", dizia) e progrediu. Em 1940, ele foi lavar vidro no Laboratório Paulista de Biologia e fechar o arco do time da firma. Nesse ano, uniu-se maritalmente a Clotilde. E, pensando no emprego, estudou química farmacêutica. Só que o Ipiranga paulistano o viu jogar pela empresa e o contratou, fazendo-o ídolo em um time que ia dele, no gol, a Rodrigues (no futuro, também da seleção brasileira) na ponta-esquerda. Em 43, com o Ipiranga cotado no certame, Moacir Barbosa já era dos melhores goleiros paulistas. Foi quando o corintiano Domingos da Guia viu que ele sabia sair do gol com calma, elegância, elasticidade e rapidez de gato. Aí o famoso zagueiro o indicou ao Vasco carioca, que compraria o seu passe em 1944.

No primeiro ano vascaíno, Barbosa fez só duas partidas, e disputando a vaga com mais seis goleiros. Porém, em 45 foi o titular e campeão carioca invicto. Ganhou ainda os títulos estaduais de 1947, 49, 50 e 52. Bem como, na volta ao Vasco, os de 56 e 58 - neste ano, ainda o torneio Rio-São Paulo. E foi várias vezes vitorioso na seleção do Rio de Janeiro.

Em 1945, convocaram-no para o escrete brasileiro e ele estreou contra a Argentina, em São Paulo, onde o arqueiro Oberdan era rei. Daí para frente, até 53, Barbosa esteve na meta do Brasil 35 vezes. E ganhou para o País o sul-americano de 1949, e as Copas Roca e Rio Branco. Sem falar das inúmeras taças internacionais conquistadas pelo Vasco, que à época era chamado de Expresso da Vitória.

Dessas idas ao exterior, o risonho e educado Moacir contava um lance curioso. No México, com um toque, o ponta adversário o encobriu na área vascaína e ele, vendo a esfera ir em direção à rede, deu uma linda bicicleta, "na hora que a bola tinha dado o último pulo antes de cruzar a linha, e mandei para escanteio".

Contudo, no plano das dores físicas, o inesquecível e injustiçado guarda-meta, que tratava a todos com polidez e jamais foi expulso de campo - ganhou, por sinal, o troféu Belfort Duarte -, em 1953 teve a perna quebrada por um maldoso e reles atleta do Botafogo. Por isso - segundo o próprio Barbosa -, não foi ao Mundial na Suíça, onde a Alemanha bateu a favorita Hungria e saiu campeã. O tempo que o goleiro ficou com o gesso na perna fez São Januário o esquecer. E, recuperado no final de 54, torná-lo um mero reserva.

Em 55, o goleiro foi para a cidade do Recife. E lá viu, no ocaso, velhos astros do futebol carioca: no seu Santa Cruz, Marinho, ex-Flu; no alviverde América (hoje, já extinto), Dimas, ex-Vasco; no Sport, o antigo half vascaíno Eli do Amparo e o ex-goleiro botafoguense Osvaldo Baliza. Porém, em julho de 1956, inadaptado ao Nordeste brasileiro, Barbosa se reintegraria ao Vasco da Gama, o clube das suas mais duradouras e irremediáveis paixões.

Ainda foi campeão nesse ano e no super-supercampeonato carioca de 58. Todavia, a época do craque em São Januário findou em 1962. Aos 41 anos, ele desvestiu a camisa cruzmaltina para ter uma passagem pelo Bonsucesso. E se despedir da bola no modesto Campo Grande, em 8 de julho, contra o Madureira. Nesse jogo, esticando-se para deter um chute, Barbosa se contundiu. E na maca, aplaudido por 670 pessoas, contorceu-se de dor na virilha - lesão igual à que, um mês antes, tirara Pelé da Copa do Mundo no Chile. Nisso, no acanhado estádio de subúrbio fez-se um silêncio que - por outro motivo - era tão triste quanto o do fatídico 16 de julho de 50, no Maracanã. Era o silêncio do povo reverenciando um destemido homem vice-campeão mundial de futebol. Para a História, isso deve ter sido pouco. No entanto, para o velho goleiro era tudo.

No anonimato, e desocupado, em 1963, Barbosa soube que a administração do Maracanã iria substituir as balizas do estádio. E que aquela onde o uruguaio Ghiggia fizera o gol da sua sina lhe seria doada. Ele aceitou e, de posse desse símbolo da própria mágoa, em um churrasco e cercado de amigos, o ex-goleiro ardeu no fogo os pedaços de pau da trave como lenha de assar carne. Depois, ainda teve de explicar se o tento de Ghiggia fora frango ou não - pode? Em 1996, na morte de sua mulher Clotilde - e arruinado financeiramente com os gastos para salvá-la -, Moacir Barbosa saiu do Rio, a ex-capital do país injusto que o fizera vilão. E se mudou para a Cidade Ocian, no litoral paulista, onde alugara um apartamento de quarto e sala para findar os seus dias.

Em 7 de abril de 2000, no ataúde simples, as suas mãos postas - que em vida ignoraram o uso das luvas - exibiam onze fraturas. E, entre os poucos presentes ao velório, ninguém sabia que aquele inerte corpo de negro fora vítima de um gol fatídico. E que serviu ao primeiro guarda-redes brasileiro a bater tiro de meta. E talvez ao último a usar joelheiras.

Antonio Falcão

PS.: Este texto integra o livro "Os Artistas do Futebol Brasileiro", que Antonio Falcão afalkao@hotmail.com lançará em breve.

Roberto Dinamite

A infância

No dia 13 de abril de 1954, às 4h25, nascia Carlos Roberto de Oliveira, no Município de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro. Filho de seu Maia e dona Neuza - já falecidos infelizmente. Roberto foi criado em São Bento, bairro pobre daquela localidade, onde a principal atividade dos meninos era o futebol. Através desse esporte o garoto pobre de Caxias superou todas as dificuldades com empenho, seriedade e humildade. Foi ali, nas peladas dos campos de várzea, em 1969, que o olheiro - uma espécie de caçador de talentos - Francisco de Sousa Ferreira (o Gradim), ao ver os dribles desconcertantes do jovem Carlinhos (apelido da época), não teve dúvidas de que naquele corpo franzino de apenas 54 quilos, habitava um campeão.

O início da carreira

Imediatamente, Gradim convidou Carlinhos, então com 14 anos, para jogar na escolinha do Clube de Regatas Vasco da Gama, cujo treinador era seu Rubens. Lá ficou pouco tempo porque subiu logo para a equipe de juvenis. No dia 25 de novembro de 1971, com apenas 17 anos, foi escalado pelo técnico Admildo Chirol, para estrear como profissional, vestindo a camisa 10 contra o Botafogo (RJ) substituindo Gilson Nunes. Aos 27 minutos do segundo tempo Roberto pega a bola na intermediária, dribla dois adversários e fuzila o goleiro Gainete que nem viu a redonda passar e estufar a rede.

Roberto agradou tanto que foi escalado três dias depois, 28 de novembro, para jogar contra o Internacional de Porto Alegre, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. O Vasco venceu a partida por 2 a 0 com um dos gols feito por Roberto. Foi um chute tão forte e certeiro que o jornalista Aparício Pires, do Jornal dos Sports (RJ), deu a seguinte manchete no dia seguinte: “Explode o garoto Dinamite”. A partir daí, nascia definitivamente para o futebol brasileiro o craque Roberto Dinamite, centroavante com fantástico faro de gol, excelente senso de colocação na área e instinto de artilheiro que mandava para a rede do jeito que vinha - de cabeça, de bicicleta, de perna esquerda ou direita.

Os gols

Não por acaso, Roberto Dinamite é considerado o maior jogador da história do Vasco da Gama e também o maior goleador. Ele vestiu a camisa do clube 1.022 vezes (768 em jogos oficiais e 254 em amistosos) e marcou 754 gols em 20 anos. Foi também duas vezes artilheiro do Campeonato Brasileiro com 190 gols o que lhe dá o direito de ostentar o título de maior goleador da história dessa competição.

Dia 4 de maio de 1980, Maracanã, um público de 107.474 pagantes teve uma experiência inesquecível. Naquele dia o Corinthians, então campeão paulista, enfrentava o Vasco da Gama cuja torcida estava eufórica pela volta de Roberto Dinamite ao clube depois de um algum tempo jogando no Barcelona da Espanha.

Aos 11 minutos, Caçapava, meio-campista corintiano, tenta estragar a festa cruzmaltina ao marcar 1 a 0 para o time paulista. Mas a alegria da Gaviões da Fiel durou pouco. Aos 13 minutos veio a resposta do Vasco através de Roberto Dinamite que iniciou uma goleada que só parou no quinto gol. Foram quatro no primeiro tempo (aos 13, 27, 37 e 39 minutos) e o gol de misericórdia aos 27 minutos do segundo tempo. Sócrates diminuiu aos 42 minutos. Resultado: Vasco 5 x 2 Corinthians. Esse feito transformou Dinamite num dos recordistas de gols numa só partida em campeonatos brasileiros. O recorde foi batido em 1997, por Edmundo, também vascaíno, que marcou seis gols sobre o União São João, em Araras.

Os campeonatos

Nas décadas de 70 e 80, Dinamite contribuiu e muito para o brilhantismo da história do “Clássico dos Milhões” (Vasco e Flamengo). Nas 27 vezes em que os dois arqui-rivais se encontraram, Dinamite marcou 27 gols, tornando-se o maior artilheiro desse encontro.

Com um Maracanã lotado (133 mil pessoas), estava armado o palco perfeito para a decisão da Taça Guanabara entre esses dois gigantes do Rio. O jogo termina empatado no tempo regulamentar com um gol de pênalti de Dinamite e outro de Geraldo. A disputa do título vai para os pênaltis. Depois de quatro gols convertidos a favor do Flamengo, é a vez de Zico bater: o goleiro Mazaropi em dia inspirado, defende o chute do Galinho. Em seguida é Dinamite quem chuta e converte, empatando a primeira série. Na segunda etapa Mazaropi, fechando a meta, defende um chute de Geraldo e Luis Augusto converte decidindo o título em favor de São Januário: Vasco é o Campeão da Taça Guanabara de 1976.

No ano seguinte, em 1977 o Vasco jogava com o Bonsucesso, numa partida considerada por Dinamite uma das mais emocionantes de sua carreira. O time da Colina perdia por 1 a 0 e praticamente se despedia da Taça Guanabara daquele ano. Aos 43 minutos do segundo tempo, Dinamite empata com um gol de pênalti e provoca o seguinte comentário do zagueiro Dario: “O jogo já terminou. Você só faz gol de pênalti. O Vasco já era”. Antes do término da partida, o juiz levanta a placa e prorroga a partida por mais dois minutos. Era só o que Dinamite precisava para responder ao zagueiro que lhe provocara minutos antes. Orlando (Lelé) dá um chutão para a área, Dinamite domina e coloca no fundo da rede para desespero do goleiro adversário e do linguarudo Dario. Vasco 2 x 1 Bonsucesso. Estava aberto o caminho para mais um título.

Em seguida, a equipe cruzmaltina se prepara para enfrentar o Botafogo. Para o Vasco basta o empate, já o Alvinegro precisa ganhar para forçar uma outra partida. Dinamite faz dois gols. Resultado final: Vasco 2 x 0 Botafogo. Vasco é Bi-Campeão da Taça Guanabara de 1977.

Nesse mesmo ano, o time de São Januário já ganhara o primeiro turno e decidia o Campeonato Estadual num segundo turno com o Flamengo. Era uma partida extra e muito equilibrada, sem favoritismo, como convém a um clássico. Como o jogo terminou empatado, a disputa foi para os pênaltis. A cobrança estava pau-a-pau até que, o goleiro Mazaropi, defende um chute de Tita. Mais uma vez sobrou para Dinamite que cobrou com classe e converteu. O Vasco é Campeão Estadual de 1977.

Os títulos

Tudo na carreira esportiva de Dinamite é grandioso. Ganhou cinco títulos cariocas em três décadas diferentes (1977, 82, 87, 88 e 92); foi campeão do Brasileirão (1974) e artilheiro também neste mesmo ano e também em 1984 com 181 gols pelo Vasco e nove pela Portuguesa; disputou duas Copas do Mundo (1978 e 1982) e marcou 26 gols nas 49 vezes em que vestiu a camisa canarinho. Ao todo foram 21 anos dedicados ao futebol, dos quais 20 no Vasco, sempre com a camisa 10; campeão da Taça Guanabara seis vezes (1976, 77, 86, 87, 90 e 91).

Os recordes

Em 5 de setembro de 1979, bateu o recorde de 271 gols de Ademir ao marcar 272; alcançou a marca de 578 jogos naquele ano, superando o ex-craque Sabará que havia jogado 576 partidas. Segundo a Federação Internacional de História e Estatística de Futebol (IFFHS), com sede na Europa, Dinamite marcou no Campeonato Brasileiro ao longo de sua carreira, 470 gols, atrás apenas de Pelé, Josef Bican (Tchecoslováquia), Puskas (Hungria) e Romário (Brasil), sendo o 5º maior artilheiro do mundo em campeonatos da primeira divisão. Não á toa, Dinamite é considerado o maior ídolo da história do Vasco e um dos ícones do futebol brasileiro.

O começo e a despedida

O primeiro jogo pelo Vasco da Gama foi no Estádio da Fonte Nova em 14 de novembro de 1971, contra o Bahia com vitória vascaína por 1 a 0; o primeiro gol foi no Maracanã, em partida do Vasco contra o Internacional (RS), em 25 de novembro de 1974; último jogo contra o La Coruña (Espanha), em amistoso no Maracanã com vitória do time espanhol por 2 a 0 em 24 de março de 1993; último gol em São Januário, em 26 de outubro de 1992, contra o Goytacaz.

Encerrou sua carreira de jogador em 1993, no Maracanã, pouco antes de completar 39 anos de idade. Durante todo esse tempo, Roberto Dinamite conquistou a confiança e simpatia de uma legião de fãs que aprenderam a admirá-lo pela sua integridade, respeito, honestidade e dignidade que sempre pautaram toda a sua vida. Ele é um caso raro de unanimidade no futebol. Não importa o time da preferência, todos o veneram.

Fonte: site oficial de Roberto Dinamite

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Craques







Brito


Hércules Brito Ruas nasceu no Rio de Janeiro em 09 de Setembro de 1939.
Brito e' um legitimo elemento da dinastia de grandes zagueiros do Vasco, revelado nas divisoes de base e subindo a equipe titular apos a saida de Bellini. Nos anos 60, quando o Vasco nao teve grandes equipes, Brito era a principal estrela cruzmaltina e capitao do time. Excelente marcador e dotado de um vigor fisico impressionante, foi convocado pela primeira vez como titular da selecao em 1964, na Taca das Nacoes. Depois disso, foi frequentemente convocado ate' 1972. Foi titular absoluto da selecao tricampea do mundo em 1970, alguns meses apos deixar o Vasco, tendo sido considerado como o jogador de melhores condiçÕes atleticas daquela Copa

Para alguns, Hércules Brito Ruas, o Brito, destoava no time de estrelas da seleção brasileira vencedor na Copa do Mundo de 70, no México. Mas Brito era um zagueiro que não brincava em serviço, jogava sempre sério e compensava a limitação técnico com muita garra.

"Muita gente falava do Brito, da zaga improvisava, do Félix no gol. Mas ninguém se lembra das partidas da Copa de 70. O pessoal lá trás era importante para o Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho e Gérson desequilibrarem na frente", comenta o ex-goleiro Félix.

Nascido no dia 9 de agosto de 1939, no Rio de Janeiro (RJ), Brito, que está aposentado, mora na Ilha do Governador, de onde nunca saiu. Além de ter formado a zaga campeã de 70, ao lado do cruzeirense Piazza (que era volante), na seleção brasileira, Brito atuou nos seguintes times: Internacional (1958), Vasco da Gama (de 1959 a 1969), Flamengo (de 1969 a 1970), Botafogo (de 1971 a 1973), Corinthians (1974) e Cruzeiro (1975 a 1976).

Irmão do ex-lateral-esquerdo Décio Brito Ruas, do Santos e do Madureira (falecido nos Estados Unidos em 25/11/2006), teve em Fontana o seu "irmão de zaga". Defendeu o Corinthians em

29 jogos (12 vitórias, 7 empates, 10 derrotas), não marcou nenhum gol a favor e ainda fez um gol contra.

Com a camisa do Vasco, clube que defendeu por mais tempo, Brito foi campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1966. Pelo Corinthians, em 74, o zagueiro por pouco não entra para a lista de heróis do clube, à época na fila desde 1954. Brito fez parte da equipe vice-campeã paulista. O vencedor naquele ano foi o Palmeiras, que com gol do atacante Ronaldo derrotou o time do Parque São Jorge por 1 a 0, no Morumbi.

Brito, que defendeu o Atlético Paranaense em meados dos anos 70, tem um filho e três netos.


Fonte: Mauro Prais, Milton Neves






Jogos

VASCO DA GAMA (RJ) 2 X 0 OLARIA (RJ)
Data : 06/05/1979
Campeonato Estadual
Local : Estádio De São Januário / Rio De Janeiro
Arbitro : Valquir Pimentel
Público : 8.558
Gols : Roberto Dinamite 11/1º e Toninho Vanusa 28/1º
Expulsão : Cacá (Olaria)
VASCO DA GAMA: Leão, Orlando, Abel (Gaúcho), Geraldo, Marco Antônio, Helinho, Dudu, Toninho Vanusa (Ramon), Guina, Roberto Dinamite e Paulinho / Técnico : Carlos Froner
OLARIA: Hílton, Baiano, Luís Carlos, Mauro, Gilmar, Lulinha, Lutércio (Ricardo), Rocha, Paulo Ramos, Aurê (Zeica) e Cacá

VASCO DA GAMA(RJ) 5 X 0 AMERICANO DE CAMPOS(RJ)
Data : 23/05/1979
Campeonato Estadual
Local : Estádio De São Januário (Rio De Janeiro - RJ)
Arbitro : José Roberto Wright
Público : 3.215
Gols : Guina 9/1º, Paulinho 26/1º, Paulinho 8/2º, Paulinho 14/2º e Roberto Dinamite 23/2º
VASCO DA GAMA: Leão, Orlando, Abel, Geraldo (Gaúcho), Marco Antônio, Helinho, Guina, Dudu, Jader (Wilsinho), Roberto Dinamite e Paulinho / Técnico : Carlos Froner
AMERICANO: Paulo Sérgio, Marinho, Paulo Marcos, Adilço, Amaral, André, Eraldo, Valdir, Ivo, Té e Serginho

VASCO DA GAMA(RJ) 4 X 1 FLUMINENSE(RJ)
Data : 27/05/1979
Campeonato Estadual
Local : Estádio De São Januário /Rio De Janeiro
Arbitro : Arnaldo César Coelho
Público : 44.476
Gols : Roberto Dinamite 3/1º, Roberto Dinamite 7/1º, Paulinho 32/1º, Roberto Dinamite 21/2º e Zezé 34/2º
VASCO DA GAMA: Leão, Orlando, Abel, Geraldo, Marco Antônio, Helinho (Toninho Vanusa), Guina, Dudu, Jader, Roberto Dinamite, Paulinho (Wilsinho) / Técnico : Carlos Froner
FLUMINENSE: Wendell, Edevaldo, Tadeu, Edinho, Miranda, Carlos Roberto, Pintinho, Cléber (Rubens Galáxie), Luís Fumanchu, Nunes e Zezé
Técnico : Zé Duarte

VASCO DA GAMA(RJ) 2 X 0 MADUREIRA(RJ)
Data : 10/06/1979
Campeonato Estadual
Local : Estádio De São Januário Rio De Janeiro
Público : 10.11
Gols : Paulinho 9/1º e Paulinho 27/1º
VASCO DA GAMA: Leão, Orlando, Abel, Gaúcho, Marco Antônio, Helinho, Dudu, Guina, Wilsinho (Jader), Roberto Dinamite e Paulinho / Técnico : Carlos Froner
MADUREIRA: Moacir, Paulinho, Celso, Moacir, Jorge Luís, Carlinhos, Mauro, Luís Carlos, Manfrini, Antônio Carlos e César

História

O gol do lençol
No dia 9 de maio de 1976 foi marcado um dos gols mais bonitos da história do futebol brasileiro. Ele foi marcado por Roberto Dinamite, num jogo do Vasco contra o Botafogo, no Maracanã, no Campeonato Carioca de 1976. Na jogada, o ídolo vascaíno recebeu a bola da direita, matou-a no peito, aplicou um lençol no zagueiro Osmar e fuzilou o arqueiro Wendell. O gol, aos 45 minutos do segundo tempo, garantiu a vitória vascaína de virada por 2 a 1 naquele jogo. O lance ficou conhecido como "O gol do lençol em Osmar".

Faltavam duas rodadas para o fim da Taça Guanabara (primeiro turno do Carioca de 1976) e o Vasco, um ponto atrás do líder Flamengo, precisava vencer o Botafogo para manter as chances de ganhar o turno.

O primeiro tempo terminou com a vitória parcial do Alvinegro por 1 a 0, gol marcado por Ademir aos 43 minutos. Aos 18 minutos do segundo tempo, porém, Roberto recebeu a bola na esquerda e, quase sem ângulo, chutou. O goleiro Wendell defendeu, mas o próprio Dinamite pegou o rebote e chutou forte para empatar.

Mas a igualdade no placar não interessava ao Vasco, que continuou buscando a vitória. Até que, aos 45 minutos, Dinamite lançou Zanata na direita e correu para a área. Zanata cruzou na medida e Roberto, na altura da marca do pênalti, matou a bola no peito, deu um lençol curto no zagueiro Osmar e, sem deixar a bola cair no chão, fuzilou o goleiro Wendell, marcando o gol da vitória que manteve o Vasco na briga pelo primeiro turno.

Na última rodada, o Vasco venceu o Olaria por 3 a 0 em São Januário (gols de Luís Fumanchu, Dé e Dinamite) e, beneficiado por um empate sem gols do Flamengo com o Fluminense, terminou empatado com o Rubro-Negro, forçando um jogo-extra para decidir a Taça Guabanara. A finalíssima foi realizada no dia 13 de junho de 1976 e o Vasco venceu por 5 a 4 nos pênaltis, após um empate por 1 a 1 no tempo normal.

No segundo turno deu Fluminense e, no terceiro, Botafogo. O América venceu uma repescagem, que lhe deu o direito de disputar o quadrangular final. No fim, novo empate, desta vez entre Vasco e Fluminense, e a decisão do título foi para mais um jogo-extra, disputado no dia 3 de outubro. A vitória por 1 a 0 deu o bicampeonato ao Fluminense, que tinha um grande time.

Entretanto, se o Vasco perdeu o título, a História tratou de consagrar o golaço de Dinamite. Hoje em dia, o "Gol do Lençol" é o lance mais lembrado, festejado e reprisado nas TVs quando o assunto é o Campeonato Carioca de 1976.

Em 18 de outubro de 2002, uma grande foto do lance foi colocada no hall da entrada principal do Maracanã, na inauguração do Projeto Memória do Futebol. Emocionado com a homenagem, Dinamite declarou ao Jornal dos Sports:

“Espero que essas fotos sirvam de estímulo para a nova geração. Fiz esse gol há cerca de 26 anos e até hoje me parabenizam pela plasticidade da jogada”, comentou o ídolo.

Em 25 de janeiro de 2003, Roberto Dinamite recebeu mais uma honraria por seu golaço. Uma enquete virtual realizada pela TV Globo no intervalo do jogo América x Fluminense (ou seja, o Vasco nem estava envolvido na transmissão) apontou o gol do lençol como o mais bonito da história do Maracanã com 39% dos votos.

Ainda em 2003, em 29 de junho, em plena campanha à presidência do Vasco, Roberto foi a Brasília buscar o apoio do procurador-geral da República, o vascaíno Cláudio Lemos Fonteles, e do então ministro dos esportes, o botafoguense Agnelo Queiroz, que não perdeu a chance de exaltar o gol histórico marcado contra o seu próprio time:

"Reconheço que foi um lindo gol”, declarou o ministro ao site oficial de Roberto Dinamite.


VASCO DA GAMA (RJ) 2 X 1 BOTAFOGO (RJ)
Data: 09/05/1976
Campeonato Carioca (1º Turno / Taça Guanabara)
Local:Estádio do Maracanã / Rio de Janeiro
Árbitro: Armando Marques.
Público: 39.232 pagantes.
Gols: Ademir 43/1º, Roberto Dinamite 18/2º e Roberto Dinamite 45/2º
VASCO DA GAMA: Mazarópi, Gaúcho, Abel, Renê e Marco Antônio; Zanata, Zé Mário e Luís Carlos; Luís Fumanchu, Roberto Dinamite e Dé. Técnico: Paulo Emílio.
BOTAFOGO: Wendell, Miranda, Osmar, Nílson e Marinho; Luisinho, Ademir e Mendonça; Mazinho (Rogério), Manfrini (Antônio Carlos) e Mário Sérgio. Técnico: Telê Santana.

Fonte: Netvasco.com.br



domingo, 15 de junho de 2008

Jogos

VASCO DA GAMA (RJ) 0 X 2 GRÊMIO (RS)
Data : 14/03/1990
Taça Libertadores Da América
Local : Estádio Olímpico (Porto Alegre - RS)
Arbitro : Ulisses Tavares Da Silva
Público : 5.444
Gols : Nilson 22/2º e Darci 31/2º
VASCO DA GAMA: Acácio, Luís Carlos Winck, Quiñónez, Marco Aurélio, Mazinho, Andrade, Tita, Roberto Dinamite (Sorato), Bismarck, Bebeto e William (Zé Do Carmo) / Técnico : Alcir Portela
GRÊMIO: Mazarópi, Alfinete, Luís Eduardo, Wílson, Élcio, Jandir, Cuca, Adílson Heleno, Darci, Nílson e Paulo Egídio / Técnico : Paulo Sérgio Poletto
Obs : Jogo Válido também pela Super Copa Do Brasil

VASCO DA GAMA (RJ) 1 X 2 OLÍMPIA (PAR)
Data : 03/04/1990
Taça Libertadores Da América
Local : Defensores Del Chaco / Assunção
Arbitro : Enrique Marin
Público : 30.500
Gols : Tita 35/1º, Gonzáles 36/1º e Samariego 37/2º
VASCO DA GAMA: Acácio, Luís Carlos Winck, Marco Aurélio, Célio Silva, Mazinho, Zé Do Carmo, Tita, Boiadeiro, Vivinho (Tato), Roberto Dinamite e Bismarck / Técnico : Alcir Portela
OLÍMPIA: Almeida, Minho, Fernandez, Chamas, Santúrio, Jara (Robson), Samariego, Babuena, Monzon (Franco), Guash e Gonzáles / Técnico : Luís Cubillas

VASCO DA GAMA (RJ) 1 X 1 CERRO PORTEÑO (PAR)
Data : 06/04/1990
Taça Libertadores Da América
Local : Defensores Del Chaco /
Arbitro : Salvatore Imperator
Gols : ? (Cerro 13/1ºT) e Tita
VASCO DA GAMA: Acácio, Luís Carlos Winck, Célio Silva, Quiñonez (Marco Aurélio), Mazinho, Zé Do Carmo, Tita, Boiadeiro, Vivinho (Sorato), Roberto Dinamite e Bismarck / Técnico : Alcir Portela
CERRO PORTEÑO: ? / Técnico : Sérgio Markarian

VASCO DA GAMA (RJ) 0 X 0 GRÊMIO (RS)
Data : 18/04/1990
Taça Libertadores Da América
Local : Estádio De São Januário / Rio De Janeiro
Arbitro : Ilton José Da Costa
Público : 2.932
VASCO DA GAMA: Acácio, Luís Carlos Winck, Célio Silva, Zé Do Carmo, Mazinho, Andrade (William), Boiadeiro, Tita, Sorato, Bebeto e Bismarck (Tato) / Técnico : Alcir Portela
GRÊMIO: Mazarópi, Alfinete, Luís Eduardo, Wílson, Hélcio, Jandir (João Antônio), Lino, Cuca, Darci (Nando), Nílson e Paulo Egídio /
Técnico : Evaristo De Macedo
O: Jogo válido também pela Super Copa Do Brasil

Ademir Menezes

1949
Em pé: Eli, Jorge, Augusto, Danilo, Barbosa e Sampaio
Agachados: Nestor, Maneca, Ademir, Ipojucan e Mário
Ademir Menezes do faro de gol

Antonio Falcão

Ao longo da história do Brasil, e entre os estados nordestinos, Pernambuco sempre teve destaque em economia, política e letras. Mas na arte de jogar futebol só a partir da metade dos anos 30 do século passado. E isso pelo seguinte: na recifense praia do Pina, Ademir Marques de Menezes era colegial de espinha no rosto, queixo avantajado, cabelo repartido ao meio e fama nas peladas à beira-mar. Desde a adolescência, ele dava arrancadas fulminantes para o gol e batia forte e certeiro com os dois pés. O bairro do Pina, onde Ademir nasceu em 8 de novembro de 1922, era reduto de pescadores, biscateiros, mascates, lúmpens e desalentados econômicos. Nele, viviam os pais do craque, Otília e Antônio "Muriçoca" - ela, do lar, e o marido vendia carros, além de dirigir amadoristicamente a divisão de remo do Sport Club do Recife. E a esta equipe da Ilha do Retiro o pai o levou para jogar futebol nas categorias de base.

No Sport, Ademir seria bicampeão juvenil em 38, atuando na meia-direita, posição apelidada de ponta-de-lança graças à fúria com que ele cavava o gol. Mas o jovem do Pina, que chutava sem tomar distância, não se afastara dos estudos, e por isso - provando que a esperteza brasileira vem de longe -, indevidamente, inscreveram-no como acadêmico de medicina nos jogos universitários. Na Ilha do Retiro, ele foi juvenil até 40, quando se profissionalizou. E, com a ida do técnico uruguaio Ricardo Diez para o Sport, Ademir Menezes agarrou-se à vaga com ímpeto, fez-se astro e campeão estadual invicto em 41. A seguir, consagrou-se excursionando com o time ao centro-sul do Brasil - vencendo onze dos 17 jogos contra mineiros, paulistas, paranaenses, barrigas-verdes, gaúchos e cariocas. Em março de 42, diante do Vasco, o filho de Antonio Muriçoca deu provas de que veio ao mundo para golear: fez três! E, no ato, o clube de São Januário comprou o seu passe - pagando-lhe, inclusive, luvas, soma contratual até ali inédita nas tenebrosas transações do futebol.

Nesse 1942, Ademir jogou em todas as posições do ataque vascaíno. A seguir, ganharia pelo escrete carioca o certame nacional de selecionados estaduais. Repetiu isso em 44 e virou herói no País - homenageando-o, por toda parte do território nacional as crianças recebiam o seu nome. Em 45, além de campeão invicto no estadual carioca pelo Vasco, na seleção brasileira - na qual estreou em 21 de janeiro, no sul-americano do Chile - ele compôs com Tesourinha, Zizinho, Leônidas da Silva e Heleno de Freitas o melhor ataque mundial do século 20. E se tornou em São Januário a estrela maior e mais luzente do "Expresso da Vitória" - como o Vasco foi batizado.

Só que, em 1946, o técnico frasista Gentil Cardoso o exigiu no Fluminense. E, endividado, o tricolor das Laranjeiras fez-se supercampeão, sendo Ademir e o seu conterrâneo Orlando Pingo-de-Ouro os ases desse estadual. O Vasco ficou na saudade até 48 e o readquiriu para ganhar o sul-americano de clubes. Com o Expresso da Vitória refeito, o time cruzmaltino chegou aos títulos de 1949, 50 e 52 - com Ademir sendo o artilheiro maior do Rio de Janeiro nos dois primeiros títulos. Nesse tempo, felizardo no Vasco e nas seleções, o recifense recebeu os passes precisos e as parcerias de craques como Jair, Danilo, Tesourinha, Heleno de Freitas, Ipojucan e Maneca.
Ele legou ao clube inúmeros torneios e aos cariocas duas taças do certame nacional de seleções. Ao Brasil, antes da Copa do Mundo, venceu o sul-americano de seleções de 49, afora as copas Roca, Rio Branco e Oswaldo Cruz - uma vez cada. Mas o Mundial de 1950, jogado no Brasil, que deveria ser a glória de Ademir, serviu-lhe de mágoa maior. Mas desse torneio incorporado à tristeza brasileira ele saiu como o artilheiro isolado com 9 tentos. E ainda eleito - na mídia e no coração da massa - como o melhor centroavante. Essa sua dor seria ampliada no ano seguinte, quando, contra o América recifense, teve a perna quebrada, o que o levou a uma convalescença. Contudo, voltaria à seleção brasileira para vencer o pan-americano de 52. E, no ano a seguir, o sul-americano disputado no Peru, onde ele se despedira do escrete nacional em 15 de março. Ao todo, pelo Brasil, esse artista do futebol fez 36 gols em 41 partidas - destas, 30 vitórias, 5 empates e 6 derrotas.

Em 1954, devido às contusões, Ademir reduziu a velocidade e, aos poucos, foi perdendo a fome de gol. Não obstante, ainda o caçavam em campo, a ponto de ter a perna fraturada pela segunda vez. Uma de suas características era não reagir às agressões. Ele não revidava, embora que para tanto tivesse físico, 1,78 m de altura e muita coragem. A rigor, no fundo, por ser um cidadão talhado para o convívio humano dentro e fora do futebol, Ademir representou o fair play. E reservadamente dizia que, dos seus marcadores, só os flamenguistas Bria e Jadir foram leais.

Após o estadual de 1955, Menezes disse ao Vasco que ia parar - "largo a bola antes que ela me deixe", pensou a frase que diria adiante. O clube, no entanto, pediu que adiasse a saída, mas amadoristicamente Ademir retornou ao Sport Club do Recife, onde iniciara a trajetória. Todavia, com alguns jogos no rubro-negro de Pernambuco, encerrou em definitivo a carreira gloriosa em 1956.

No Rio, ele seria cronista esportivo da Rádio Mauá e autor de coluna sobre futebol no jornal O Dia. Paralelamente, teve sinecura no Instituto Brasileiro do Café-IBC. E aproveitou os anos 50 para romper o primeiro casamento, que lhe dera uma filha. Talvez - sabe-se lá - ele assim agiu por concluir que era bem mais feliz nos braços da bola que na desventura conjugal. Acontece...

Mas do Vasco o ex-craque não se separou jamais. Em 1967, foi técnico cruzmaltino e se deu mal. Além de vascaíno, ele era solidário com os amigos. Tanto que quando, na miséria, Garrincha doou-se à bebida, Ademir quis interná-lo em uma clínica. E Mané o agrediu a socos e pontapés. Mas o maior artilheiro do Vasco da Gama - sua média de gols (0,70) bate à de Roberto Dinamite (0,63) -, esquecendo esse ato de violência do alcoólatra Garrincha, ainda tentou ajudá-lo. Só que em vão.

No romantismo que permeia o futebol dessa época, com capital sensitiva na cidade do Rio de Janeiro, Ademir Marques de Menezes fez tudo. E ficou no afeto de Zizinho e no imaginário do Brasil. Todavia, para ele, o Mestre Ziza fora o craque do seu tempo. Tanto que, ao ouvir o escritor Ivan Soter contar que tremia ao vê-lo contra o Flamengo, disse humildemente: "Medo de mim? O bom era Zizinho, dele você deveria ter medo". Mas esse temor fazia sentido: Ademir Queixada era o carrasco do Flamengo, pois contra este adversário ele quase sempre balançava as redes.

Há várias histórias sobre a popularidade desse pernambucano. Uma delas está no livro "Anatomia de uma Derrota", de Paulo Perdigão, dando que o laboratório Bayer fez uma pesquisa para saber quem seria o craque preferido dos brasileiros. Ademir teve "5.304.935 votos, quase um milhão e meio de votos a mais que o total obtido por Getúlio Vargas" - este, o Presidente da República, eleito em 1950, três meses depois do Brasil perder a Copa do Mundo no recém-inaugurado estádio municipal do Maracanã.

Finalmente, nos anos 80, aposentado do IBC e do jornalismo, Ademir Menezes curtiu com Wilma - dessa feita feliz - o seu outro casamento. Isso até a morte no Rio de Janeiro, em 11 de maio de 1996. E sobre ele, o cronista poético Armando Nogueira fez na imprensa esta confissão que dignifica o ex-craque, o futebol e a literatura: "Hoje - coisas do tempo - que o futebol na minha vida é mais saudade que esperança, mestre Ademir costuma aparecer no telão das minhas insônias mais artilheiro que nunca. E com que alegria revejo, agora, aqueles gols arrebatadores que ele fazia com a veemência de um predestinado! Gols que ontem sangravam e que hoje só enternecem o meu coração".

Ao meu também, Poeta, ao meu também...

PS.: Este texto integra o livro "Os Artistas do Futebol Brasileiro", de Antonio Falcão

sábado, 14 de junho de 2008

Campeão Carioca de 1982

Em pé:Galvão, Serginho, Celso, Ivan, Pedrinho, Acácio e o técnico Antônio Lopes
Agachados: Pedrinho Gaúcho, Ernâni, Dudu, Roberto Dinamite e Jérson

Campeão Carioca de 1982

No dia 5 de dezembro de 1982 o CR Vasco da Gama venceu o Flamengo no Maracanã por 1 a 0, na sensacional decisão do Campeonato Estadual de 1982. Com esse triunfo, a equipe cruzmaltina espantou uma seqüência de quatro anos amargando a segunda colocação, enterrando o sonho do bicampeonato rubro-negro e acabando de vez com a banca do rival que se achava insuperável na Cidade Maravilhosa.

Foi uma vitória alcançada sobretudo na base do coração, da ousadia, da dedicação de um grupo que nunca esmoreceu diante dos problemas que surgiram ao longo do campeonato. O time da Gávea, que ostentava a invejável posição de ser o atual vencedor da Copa Intercontinental de Clubes Euro-América (a Taça Toyota), não conseguiu confirmar em campo o seu favoritismo fora dos gramados. Mesmo com três titulares da Seleção Brasileira que havia ido à Copa do Mundo da Espanha em seu time - Leandro, Júnior e Zico -, os entrosados flamenguistas não transformaram sua superioridade técnica em uma supremacia de fato.

Nesta temporada, a federação havia modificado o regulamento da competição, retornando à fórmula tradicional de dois turnos (respectivamente, Taça Guanabara e a recém-criada Taça Rio), porém, dando chance a uma terceira equipe de disputar a finalíssima caso esta fizesse mais pontos do que os campeões de turno. E foi esse critério que colocou a equipe vascaína na decisão. Depois de uma ótima campanha no primeiro turno, quando ficou empatado com o time da Gávea, sendo obrigado a jogar uma partida extra, onde foi derrotado no último minuto pelo rival (gol de Adílio), o time não desanimou e seguiu lutando pela Taça Rio. Mas de olho também na vaga pelo critério de maior número de pontos conquistados, já que o Flamengo deixou de lado o segundo turno, priorizando a Taça Libertadores, onde também buscava o bi. Mas a derrota sofrida por goleada diante do Alvinegro deixou o segundo turno mais longe (a taça acabou indo para o América) e ao time de São Januário só restava a opção de se tornar o líder absoluto entre todos os participantes, fato este concretizado somente na penúltima rodada, na vitória apertada sobre a Portuguesa.

Ernâni, José Roberto Wright e Júnior

Entusiasmados pelo jovem técnico Antônio Lopes, que à véspera da estréia no triangular final tivera a coragem de promover cinco alterações em sua equipe titular, os vascaínos ignoraram a fama do adversário e partiram para cima do rival, tornando o jogo franco e emocionante. Já que o empate não resolveria nada - nesta hipótese, teríamos uma partida extra -, o time de São Januário se aproveitou do suposto cansaço do adversário, que disputava com o mesmo afinco duas competições ao mesmo tempo, e com um futebol veloz e audacioso buscou o resultado do início ao fim. Mesclando experiência e juventude nas mudanças que fez, Lopes encontrou a fórmula do equilíbrio para uma equipe que vinha decaindo no segundo turno. Deixou Mazarópi no banco, colocando para jogar a revelação Acácio, um goleiro que já havia ganhado notoriedade dois anos antes quando defendia o Serrano em partida contra o Flamengo; mexeu na lateral direita, trocando Rosemiro por Galvão; tirou o jovem Nei, botando para atuar o experiente Ivan; afastou o menino Geovani, que depois de um início brilhante demonstrou imaturidade para encarar jogos decisivos, pondo em seu lugar o não menos jovem Ernâni; e, por fim, modificou também o ataque, trocando o veterano Palhinha pelo novato Jérson. E as mudanças surtiram efeito e a vitória pelo placar mínimo sobre o Mequinha, na abertura das finais, mostrou a todos que o delegado havia tomado uma decisão acertada, derrubando uma suposta crise que rondava o clube. De casa, a equipe viu o Flamengo acabar com as esperanças do Diabo de quebrar um longo jejum e apenas aguardou o dia de buscar este esperado título.

A DECISÃO

O primeiro lance de perigo é do time vermelho e preto: Adílio perde uma ótima chance, chutando rente à trave. O jogo segue tenso e Zico entra livre na área, mas Pedrinho consegue bloquear a investida. O Vasco finalmente responde duas vezes com Roberto. Na primeira, ele reclama de pênalti não marcado; na segunda, cobra com força e categoria uma falta que o goleiro Raul espalma a córner. O time vascaíno se anima e em belo passe de Dudu, Jérson quase abre o placar ao tentar encobrir o goleiro, que consegue defender. O último lance de perigo sai dos pés de Tita, mas a bola raspa o poste direito. No início da segunda etapa, Ernâni chuta e Raul põe a escanteio. Na cobrança pela canhota, Pedrinho Gaúcho bate fechado e Marquinho, que substituíra Dudu no intervalo, roça de cabeça para o fundo do gol. Na súmula o árbitro considerou gol olímpico. Poucos minutos depois, Dinamite quase aumenta cobrando falta no travessão. O Flamengo tenta se reequilibrar no jogo, mas Zico perde grande chance chutando em cima de “São Acácio”. No contra-ataque, o clube da colina manda mais uma na trave com Marquinho. O dia não era mesmo do Rubro-negro: o Galinho perde outra boa oportunidade sozinho na cara do gol. Aos vinte e seis, Roberto avança livre e é derrubado na entrada da área. Júnior reclama, xinga o árbitro e é expulso. Na cobrança, Dinamite quase marca. O time da Gávea mesmo com um a menos tenta o empate, mas é o Vasco que se torna mais perigoso ainda nos contra-ataques. Fim de jogo e a galera vascaína explode de alegria nas arquibancadas do maior do mundo. Uma vitória memorável sobre um adversário de alta qualidade que se via superado por uma equipe modesta, mas que soube se engrandecer na hora decisiva.


VASCO DA GAMA (RJ) 1 X 0 FLAMENGO (RJ)
Data: 5/12/1982
Campeonato Carioca
Local: Maracanã
Árbitro:
José Roberto Wright
Renda: CR$ 83.219.900,00
Público: 113.271 pagantes
Gol: Pedrinho Gaúcho (olímpico) 3’/2º
Cartões amarelos: Andrade, Tita e Dudu.
Expulsão: Júnior 26’ do 2º tempo.
VASCO DA GAMA: Acácio, Galvão, Ivan, Celso, Pedrinho; Serginho, Dudu (Marquinho, no intervalo) e Ernâni; Pedrinho Gaúcho (13-Rosemiro, no 2º tempo), Roberto Dinamite e Jérson / Técnico: Antônio Lopes
FLAMENGO: Raul, Leandro, Figueiredo, Marinho, Júnior; Andrade, Adílio (Vítor), Zico; Tita, Nunes e Lico (Wilsinho) / Técnico: Paulo César Carpeggiani


A CAMPANHA

Data Fase Adversário Placar Estádio Público

18/07/1982 / Taça GB Volta Redonda 2x0 R.de Oliveira 10.847
25/07/1982 / Taça GB Madureira 0x0 Moça Bonita 4.999
01/08/1982 / Taça GB Portuguesa 5x0 São Januário 6.986
08/08/1982 /Taça GB Fluminense 2x1 Maracanã 47.777
15/08/1982 / Taça GB Bangu 1x2 Maracanã 29.349
18/08/1982 /Taça GB Bonsucesso 1x0 São Januário 2.657
22/08/1982 / Taça GB América 2x1 Maracanã 22.653
28/08/1982 / Taça GB Americano 3x1 São Januário 10.301
05/09/1982 /Taça GB Botafogo 1x0 Maracanã 35.712
12/09/1982 /Taça GB Campo Grande 3x1 São Januário 14.580
19/09/1982 /Taça GB Flamengo 0x0 Maracanã 122.481
23/09/1982 /Taça GB* Flamengo 0x1 Maracanã 100.967
26/09/1982 / Taça Rio Madureira 1x0 São Januário 3.783
03/10/1982 / Taça Rio Americano 5x2 Godofredo Cruz 5.091
12/10/1982 / Taça Rio Bangu 2x1 Maracanã 23.044
17/10/1982 / Taça Rio Fluminense 3x2 Maracanã 36.261
20/10/1982 /Taça Rio Bonsucesso 1x0 Moça Bonita 4.372
24/10/1982 / Taça Rio América 0x2 Maracanã 23.489
31/10/1982 / Taça Rio Campo Grande 1x1 Ítalo Del Cima 12.382
07/11/1982 / Taça Rio Botafogo 1x4 Maracanã 77.337
10/11/1982 / Taça Rio Volta Redonda 1x1 São Januário 3.491
14/11/1982 /Taça Rio Portuguesa 2x1 Moça Bonita 3.750
20/11/1982 / Taça Rio Flamengo 3x1 Maracanã 12.877
28/11/1982 /Finais América 1x0 Maracanã 53.434
05/12/1982 / Finais Flamengo 1x0 Maracanã 113.271
* Jogo extra

Resumo: 25 jogos, 17 V, 4 E, 4 D, 42 GP, 22 GC, Saldo + 20

Classificação final:


1. Vasco 34
2. América 30
3. Botafogo 29
4. Flamengo 29
5. Fluminense 25
6. Campo Grande 23
7. Bonsucesso 22
8. Bangu 21
9. Volta Redonda 19
10. Americano 18
11. Portuguesa 8 (rebaixado)
12. Madureira 6 (rebaixado)

Artilheiros do Vasco:

15 gols: Roberto Dinamite
04 gols: Dudu
03 gols: Ernâni, Geovani e Silvinho
02 gols: Pedrinho Gaúcho, Pedrinho, Rosemiro e Marquinho
01 gol : Ivan, Serginho, Palhinha, Cláudio Adão, Paulo César e Márcio, da Portuguesa (contra)

por Alexandre Mesquita

Mazaropi


MAZAROPI

Geraldo de Matos Filho, o Mazaropi, nasceu no dia 27 de janeiro de 1953, em Além Paraíba (MG). Ele foi campeão por todos os times que defendeu. Só isto já seria suficiente para falar que Mazarópi é um grande vencedor na carreira. Mas, além disso, ele tem no currículo passagens por grandes equipes do futebol brasileira e chegou a atuar uma vez pela seleção nacional. Ao encerrar a carreira, trabalhou durante dez anos como treinador de goleiros no Japão. Atualmente é técnico. Assumiu recentemente o Vilhena Esporte Clube (VEC) de Rondônia.
Mazaropi começou a carreira de jogador nas categorias de base do Vasco da Gama. Como reserva do time cruz-maltino, Mazaropi foi campeão brasileiro de 1974.

Três anos depois, em 1977, voltaria a comemorar um título pelo time de São Januário: o Campeonato Carioca. Mesmo assim, tinha dificuldades para se firmar como titular e com a chegada do badalado Emerson Leão, em 1979, acabou sendo emprestado para o Coritiba.

Um ano no time paranaense foi suficiente para Mazaropi comprovar a fama de vencedor. O goleiro ajudou o Coxa a conquistar o estadual de 1979 e retornou ao Vasco da Gama, onde ficou de 80 a 83, sendo campeão carioca em 1982.

Em 1983, ele foi emprestado para o Grêmio. O ano foi do Tricolor gaúcho, que conquistou a Taça Libertadores da América e também o Mundial Interclubes. Aliás, na final do Mundial, entre Grêmio e Hamburgo (Alemanha), Mazarópi significou segurança para o time gaúcho.

Como o passe pertencia ao Vasco da Gama, Mazarópi deixou o Grêmio e voltou ao time de São Januário. Em 1984, o goleiro foi defender, também por empréstimo, o Náutico. A passagem pelo futebol pernambucano foi curta e vitoriosa. Mazaropi foi campeão pernambucano pelo Timbu, que tinha como um dos destaques o meia Baiano.

Voltou ao Grêmio em 1985 e cativou definitivamente a torcida tricolor com as conquistas dos gaúchos de 1985, 1986, 1987, 1988, 1989 e 1990 e da primeira edição da Copa do Brasil, em 1989, de maneira invicta. Encerrou a carreira de jogador e virou treinador de goleiros.

O recorde

Seundo a Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS), Mazaropi é o goleiro que por mais tempo ficou sem tomar gol em campeonatos de primeira divisão.

Segundo a entidade alemã – que avalia mensalmente o rendimento de todas as equipes do mundo e divulga diversos dados estatísticos sobre futebol –, o C.R. Vasco da Gama continua tendo o goleiro que ficou mais tempo invicto em todos os tempos: Geraldo Pereira de Mattos Filho, o "Mazaroppi".

De acordo com a IFFHS, que é reconhecida pela Fifa, o arqueiro do Club de Regatas Vasco da Gama nas décadas de 70 e 80 ficou sem levar gols durante 1816 minutos, entre os dias 18/05/1977 e 07/09/1978, obtendo, assim, a maior invencibilidade da história do futebol mundial.
A classificação levou em conta todos os goleiros que atuaram de 1888 (primeiro ano de disputa da 1ª divisão da Inglaterra) até os dias atuais, em partidas consecutivas de primeiras divisões nacionais.
No caso específico do Brasil, os campeonatos carioca e paulista foram considerados como nacionais devido ao fato da primeira divisão do país só ter sido oficialmente iniciada em 1971.

Ao somar o tempo de invencibilidade, a entidade não considerou o tempo adicional que os árbitros deram nas partidas, ou seja, apenas os 90 minutos de jogo.

Listas dos melhores goleiros

Goleiro Clube País Início Fim Minutos

1-Mazaroppi / Vasco / Brasil / 18/05/1977 / 07/09/1978 / 1816
2 -Dany Verlinden / Club Brugge KV / Bélgica / 03/03/1990 / 26/09/1990 / 1390
3-Abel / Atlético Madrid / Espanha / 25/11/1990 / 17/03/1991 / 1275
4 -Gaëtan Huard / Girondins / França / 03/12/1992 / 10/04/1993 / 1266
5 -Zetti / Palmeiras / Brasil / 05/04/1987 / 24/05/1987 / 1242
6-Marios Praxitelous / Omonia Nicosia / Chipre / 25/10/1981 / 13/02/1982 / 1221
7-Vítor Baía / Porto / Portugal / 15/09/1991 / 05/01/1992 / 1191
8 -Dimitar Ivankov / Levski Sofia / Bulgária / 09/05/1998 / 15/08/1999 / 1190
9 -IBraim mujkic / Banovici/ Bósnia / 20/11/1999 / 16/05/2000 / 1156
10 -Denis Ronanenco /Zimbru Chisinau / Moldávia / 18/09/1998 / 13/07/1999 / 1154
22 -Leão /Palmeiras / Brasil 04/10/1973 18/11/1973 1056
39 Jairo / Corinthians / Brasil / 26/03/1978 / 07/06/1978 958
45 Carlos Germano / Vasco / Brasil / 24/11/1991 / 27/09/1992 / 933
73 Acácio Vasco /Brasil / 12/11/1988 / 18/12/1988 / 879

Obs: Nota-se nesta relação presença de 3 atletas vascaínos que obtiveram o seu recorde vestindo a gloriosa camisa vascaína e mais um que a vestiu: Emerson Leão

Nome: Geraldo de Matos Filho
Posição: Goleiro
Nascimento: 27/01/1953
Local: Além-Paraíba (MG)

Clubes:

1974 a 1978 - Vasco da Gama
1979 a 1979 - Coritiba-PR
1980 a 1983 - Vasco da Gama
1983 a 1983 - Grêmio-RS
1984 a 1984 - Náutico-PE
1985 a 1990 - Grêmio-RS

Títulos:
1974 - Campeonato Brasileiro - Vasco
1977 - Campeonato Carioca - Vasco
1979 - Campeonato Paranaense - Coritiba
1982 - Campeonato Carioca - Vasco
1983 - Taça Libertadores da América - Grêmio
1983 - Mundial Interclubes - Grêmio
1984 - Campeonato Pernambucano - Náutico (PE)
1985 - Campeonato Gaúcho - Grêmio
1986 - Campeonato Gaúcho - Grêmio
1987 - Campeonato Gaúcho - Grêmio
1988 - Campeonato Gaúcho - Grêmio
1989 - Campeonato Gaúcho - Grêmio
1990 - Campeonato Gaúcho - Grêmio


Fonte: Milton Neves

Gol mil de Pelé

Pelé e Andrada


Santos e Vasco empatavam por 1 a 1 quando Pelé invadiu a área vascaína e tentou o drible no zagueiro Fernando. Pênalti, convertido pelo próprio Pelé, que se tornava o primeiro jogador profissional de futebol da hitória a fazer mil gols na carreira.
Na noite de 19 de novembro de 1969, uma quarta-feira, Santos e Vasco se enfrentavam pela Taça de Prata no Maracanã. O jogo estava empatado: Benetti abriu o placar para o time cruzmaltino aos 17 minutos de jogo, Renê, contra, igualou o marcador aos dez do segundo tempo. Aos 34 minutos da etapa final, Pelé caiu na área do Vasco após um choque com o zagueiro Fernando. O pernambucano Manoel Amaro de Lima não teve dúvidas: marcou pênalti. O que se viu depois foi um dos momentos mais comentados na história do nosso futebol, talvez mais lembrado que o Dia da Bandeira: o milésimo gol de Pelé

O maior estádio do mundo estava lotado, na expectativa pelo tão esperado gol mil. De fato, o Santos soube explorar muito bem a proximidade deste evento: o clube fazia excursões pelo norte e nordeste do país, sempre com o estádio lotado. Pelé só parou quando fez o 999º gol, à espera de um cenário à altura. E ele surgiu, aliás, melhor cenário impossível: além do palco da festa, o goleiro do Vasco da Gama era Andrada, argentino de Rosário. Parecia mesmo programado, afinal, entre os mais de 100 mil torcedores (cerca de 65 mil pagantes), imprensa, convidados e autoridades oficiais estavam presentes no Maracanã.

No instante do pênalti, a torcida gritava “Pelé, Pelé...”. E lá foi Pelé cobrar o pênalti. Todos os jogadores do Santos ficaram na linha do meio campo – isso sim já estava combinado: quando Pelé fizesse o milésimo gol, o jogador correria até o meio do campo para abraçá-los. “O jogo parado, o estádio inteiro calado. Eu, a bola e o Andrada. Naquela hora tive um terrível medo de falhar. Fiquei nervoso. Sabia que todos esperavam o gol. Pouca gente viu, mas fiz o sinal da cruz antes de cobrar o pênalti”, diz o próprio Rei, em um de seus depoimentos sobre o dia histórico.

Pelé partiu em direção à bola, deu a tradicional paradinha e chutou forte, no canto esquerdo, exatamente às 23h23. O goleiro Andrada caiu muito bem, até chegou a tocar na bola, mas não evitou o gol. Em entrevista ao jornal A Gazeta Esportiva, o goleiro disse que era sua obrigação defender aquele pênalti. “Naquele dia eu enfrentei o mundo. Em campo, não dava para escutar nem a respiração dos torcedores. Até a torcida do Vasco torceu contra mim”.

Bola na rede, fato consumado. Enquanto o primeiro jogador profissional a marcar mil gols na história do futebol buscava a bola e a beijava, no intuito de correr em direção aos companheiros, dezenas de jornalistas invadiram o campo, cercando-o de câmeras e microfones. O primeiro depoimento, emocionado, foi dado ao repórter Geraldo Blota da Rádio Gazeta: “dedico este gol às criancinhas do Brasil”. O goleiro santista Agnaldo, que estava no meio do campo, correu em direção à Pelé, engatinhou entre tantas pernas e levantou o Rei em seus ombros. Uma festa inesquecível.

Há controvérsias – A data entrou definitivamente para a história, mas até hoje discute-se a respeito da verdadeira data do milésimo gol de Pelé. De acordo com as contas do jornalista Thomaz Mazzoni, historiador da vida do Rei, o gol teria acontecido cinco dias antes, na vitória do Santos sobre o Santa Cruz por 4 a 0 – Pelé marcou dois e o terceiro teria sido o milésimo. A manchete de A Gazeta Esportiva do dia 13 foi “Recife aplaudiu o 1000º gol de Pelé”. Mazzoni havia computado um gol de Pelé sobre o Paraguai, pela Seleção Militar, no Sul-americano de 1959. Uma semana mais tarde, embora continuasse sustentando a versão de Mazzoni, A Gazeta Esportiva anunciou novamente o milésimo gol.

Outro jornalista e pesquisador que levantou a suspeita foi De Vaney, que na época trabalhava no jornal A Tribuna, de Santos. Para ele, Pelé estava se deixando levar por interesses comerciais, já que entre o gol 998, no Nordeste, e o milésimo, houve uma verdadeira novela “O milésimo gol foi preparado para ser feito no Maracanã”, dizia. A polêmica voltou em 1995, quando a Folha de S. Paulo também refez a contagem e concluiu que o milésimo gol aconteceu em 14 de novembro daquele ano, num amistoso contra o Botafogo da Paraíba – jogo em que a imprensa e a diretoria do Santos haviam prometido que não iria acontecer.

Contestações à parte, a consagração do Maracanã, responsável por uma repercussão em jornais de todo o mundo - tão grande quanto a ida do homem à Lua naquele mesmo ano, imortalizou o feito de Pelé.



VASCO DA GAMA (RJ) 1X 2 SANTOS (SP)
Data: 19/11/1969
Local: Estádio do Maracanã
Árbitro: Manoel Amaro de Lima
Gols: Pelé (pênalti) e Renê (contra); Benetti
VASCO DA GAMA: Andrada; Fidélis, Moacir, Fernando e Eberval; Bougleaux, Renê, Acelino (Raimundinho) e Adílson; Benetti e Danilo Menezes (Silvinho).
SANTOS: Aguinaldo; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias (Joel Camargo) e Rildo; Clodoaldo, Lima, Manoel Maria e Edu; Pelé (Jair Bala) e Abel.


Fonte:Gazeta Esportiva.Net