quinta-feira, 24 de julho de 2008

Roberto Dinamite

por Alexandre Mesquita

Ele é o maior artilheiro vascaíno da história. Ainda permanece como um dos maiores ídolos da torcida cruzmaltina em todos os tempos. Carlos Roberto de Oliveira, ou simplesmente Roberto Dinamite, que surgiu tão somente como ‘Garoto-Dinamite’, aos 17 anos, depois que com um tirambaço estufou as redes do Internacional de Porto Alegre no longínquo ano de 1971, é um jogador que mistura sua própria história com a do Club de Regatas Vasco da Gama. Pelo menos foi assim para milhões de apaixonados pelo Gigante da Colina durante mais de duas décadas. Nessas vinte e duas temporadas em que atuou profissionalmente, apenas em 1991 não vestiu a camisa do clube que o lançou no futebol.

Roberto Dinamite, nascido em Duque de Caxias, chegou em São Januário ainda juvenil (categoria hoje similar aos juniores), um ano antes de estrear na equipe principal. O menino alto, ainda franzino e desajeitado, proveniente dos campos de várzea, começava então uma trajetória grandiosa e excepcional que jamais se poderia imaginar dentro de um dos maiores clubes de futebol do planeta. Sua relação de amor com o Vasco não se traduz em palavras, mas sim na emoção das inúmeras lembranças de gols e mais gols que ele fez, de suas arrancadas, de suas cabeçadas, de seus petardos, de suas cobranças magistrais de falta, de sua categoria ao cobrar pênaltis, de sua liderança, de sua gana, de seu respeito ao envergar o uniforme do Vasco da Gama.

Quando exatamente às 21h09min ele adentrou o gramado do estádio do Maracanã, seu palco preferido e onde marcou o gol que ele considera como o mais belo em sua longa carreira (Vasco 2x1 Botafogo, em 9/5/1976), ao dar um balão pra cima de Osmar e um voleio maravilhoso na entrada da pequena área, ele faria a sua despedida oficial dos campos de futebol. Mesmo febril, ele prometera ficar até o 30º minuto da etapa final, momento em que seria substituído e homenageado. Seus grandes amigos no mundo da bola compareceram à festa. Ainda na preliminar, veteranos do Vasco bateram por 3 a 1 os veteranos do Flamengo, com três gols de Dé, um de seus parceiros prediletos. No jogo principal diante do La Coruña de Bebeto (outro ex-companheiro seu de ataque), o piloto Nelson Piquet teve a honra de dar o pontapé inicial. Zico, ídolo maior da torcida rubro-negra, concordou em atuar um tempo com a camisa do seu maior rival, mostrando que amizade dos dois estava acima de qualquer rivalidade clubística. O Galinho veio do Japão exclusivamente para a partida.

A torcida vascaína teve um comportamento elegante, porém curioso, no evento. Quando o nome de Zico foi anunciado pelo sistema de alto-falantes do estádio, um breve momento de hesitação tomou conta da galera, ao fim do qual calorosos aplausos foram ouvidos. O mesmo fenômeno se deu após o gol de Bebeto, primeiro da vitória por 2 a 0 do time espanhol. Um curto instante de hesitação e, logo a seguir, aplausos, sendo que alguns torcedores arriscaram gritos de "ê, ô, ê, ô, o Bebeto é um terror", muito cantados na época em que o atacante ainda jogava pelo Vasco.

Durante a partida, e antes da abertura do placar pelo time espanhol, Roberto deixou William em ótimas condições de marcar, mas o chute foi na trave. Já no segundo tempo, em desvantagem no marcador (gol de Bebeto, que em respeito à torcida vascaína não comemorou o tento), Dinamite teve uma falta “daquelas” para empatar a partida. Mas o tiro passou perto. E aos 33 minutos do segundo tempo, o ídolo deixava o campo, iniciando uma emocionante volta olímpica ao lado de trezentas crianças. Não deu para segurar as lágrimas. Era o fim da linha para Roberto Dinamite. Mas seu lugar no coração da imensa galera cruzmaltina está eternizado.

VASCO DA GAMA (RJ) 0 X 2 DEPORTIVO LA CORUÑA (ESP)
Data: 24/03/1993.
Local: Estádio do Maracanã
Árbitro: José Roberto Wright
Público: 28.926 pagantes
Renda: CR$ 2.780.250.000,00
Gols: Bebeto 37/1', Nando 50/2
VASCO DA GAMA: Carlos Germano; Pimentel, Jorge Luís, Tinho e Cássio; Luisinho, Leandro Ávila, Zico (Geovani), Roberto Dinamite (Valdir), Bismarck e William /Técnico: Joel Santana.
DEPORTIVO LA CORUÑA: Liaño (Yosu); Djukic, Albistegui (Savin), Ribera e José Ramón; Mauro Silva, Nando, Mariano Hoyas e Marcos (Ramón); Fran e Bebeto (Antônio) / Técnico: Arsenio Iglesias.

Números

Equipe Jogos Gols Média

Vasco da Gama 1108 708 0,64
Seleção Brasileira 49 26 0,53
Barcelona-ESP 8 3 0,38
Portuguesa-SP 14 11 0,79
Rio Negro-AM 1 2 2,00
Campo Grande-RJ 14 0 0,00
Seleção Bras. Masters 4 2 0,50
Despedida de Júnior 1 2 2,00

Total 1199 754 0,63

Títulos

Campeão estadual juvenil 1971
Torneio Quadrangular do Rio de Janeiro 1973
Campeão brasileiro 1974
Segundo Turno do Estadual 1974-77-80-81
Taça Brig. Gerônimo Bastos (3º turno) 1975-88
Taça Guanabara 1976-77-86-87-90-92
Torneio Bicentenário dos EUA [Sel. Bras.] 1976
Campeão estadual (principal) 1977-82-87-88-92
Troféu Imprensa (SC) 1977
Torneio Cidade de Sevilha (Espanha) 1979
Torneio Triangular de Manaus 1980
Torneio Colombino (Huelva, Espanha) 1980
Torneio da Ilha do Funchal (Portugal) 1981
Torneio João Havelange (MG) 1981
Torneio de Verão do Uruguai 1982
Torneio Quadrangular do Maranhão 1982
Taça Rio (segundo turno) 1984-88-92
Taça Cidade de Juiz de Fora (MG) 1986-87
Troféu Ramon de Carranza (Cadiz, Espanha) 1987-88
Copa de Ouro (EUA) 1987
Brasileiro de Seleções [Seleção do RJ] 1987
Copa Pelé de Masters [Sel.Masters] 1991
Copa Rio 1992

Artilharias

Campeonato Estadual (Juvenil) 1971
Campeonato Estadual 1978-81-85
Campeonato Brasileiro 1974-84

Maior artilheiro da História do:

Campeonato Brasileiro (1971-1992) 190 gols
Campeonato Estadual RJ (1972-1992) 279 gols
Futebol Carioca (1971-1993) 708 gols


Fonte: netvasco

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