sábado, 14 de junho de 2008

Gol mil de Pelé

Pelé e Andrada


Santos e Vasco empatavam por 1 a 1 quando Pelé invadiu a área vascaína e tentou o drible no zagueiro Fernando. Pênalti, convertido pelo próprio Pelé, que se tornava o primeiro jogador profissional de futebol da hitória a fazer mil gols na carreira.
Na noite de 19 de novembro de 1969, uma quarta-feira, Santos e Vasco se enfrentavam pela Taça de Prata no Maracanã. O jogo estava empatado: Benetti abriu o placar para o time cruzmaltino aos 17 minutos de jogo, Renê, contra, igualou o marcador aos dez do segundo tempo. Aos 34 minutos da etapa final, Pelé caiu na área do Vasco após um choque com o zagueiro Fernando. O pernambucano Manoel Amaro de Lima não teve dúvidas: marcou pênalti. O que se viu depois foi um dos momentos mais comentados na história do nosso futebol, talvez mais lembrado que o Dia da Bandeira: o milésimo gol de Pelé

O maior estádio do mundo estava lotado, na expectativa pelo tão esperado gol mil. De fato, o Santos soube explorar muito bem a proximidade deste evento: o clube fazia excursões pelo norte e nordeste do país, sempre com o estádio lotado. Pelé só parou quando fez o 999º gol, à espera de um cenário à altura. E ele surgiu, aliás, melhor cenário impossível: além do palco da festa, o goleiro do Vasco da Gama era Andrada, argentino de Rosário. Parecia mesmo programado, afinal, entre os mais de 100 mil torcedores (cerca de 65 mil pagantes), imprensa, convidados e autoridades oficiais estavam presentes no Maracanã.

No instante do pênalti, a torcida gritava “Pelé, Pelé...”. E lá foi Pelé cobrar o pênalti. Todos os jogadores do Santos ficaram na linha do meio campo – isso sim já estava combinado: quando Pelé fizesse o milésimo gol, o jogador correria até o meio do campo para abraçá-los. “O jogo parado, o estádio inteiro calado. Eu, a bola e o Andrada. Naquela hora tive um terrível medo de falhar. Fiquei nervoso. Sabia que todos esperavam o gol. Pouca gente viu, mas fiz o sinal da cruz antes de cobrar o pênalti”, diz o próprio Rei, em um de seus depoimentos sobre o dia histórico.

Pelé partiu em direção à bola, deu a tradicional paradinha e chutou forte, no canto esquerdo, exatamente às 23h23. O goleiro Andrada caiu muito bem, até chegou a tocar na bola, mas não evitou o gol. Em entrevista ao jornal A Gazeta Esportiva, o goleiro disse que era sua obrigação defender aquele pênalti. “Naquele dia eu enfrentei o mundo. Em campo, não dava para escutar nem a respiração dos torcedores. Até a torcida do Vasco torceu contra mim”.

Bola na rede, fato consumado. Enquanto o primeiro jogador profissional a marcar mil gols na história do futebol buscava a bola e a beijava, no intuito de correr em direção aos companheiros, dezenas de jornalistas invadiram o campo, cercando-o de câmeras e microfones. O primeiro depoimento, emocionado, foi dado ao repórter Geraldo Blota da Rádio Gazeta: “dedico este gol às criancinhas do Brasil”. O goleiro santista Agnaldo, que estava no meio do campo, correu em direção à Pelé, engatinhou entre tantas pernas e levantou o Rei em seus ombros. Uma festa inesquecível.

Há controvérsias – A data entrou definitivamente para a história, mas até hoje discute-se a respeito da verdadeira data do milésimo gol de Pelé. De acordo com as contas do jornalista Thomaz Mazzoni, historiador da vida do Rei, o gol teria acontecido cinco dias antes, na vitória do Santos sobre o Santa Cruz por 4 a 0 – Pelé marcou dois e o terceiro teria sido o milésimo. A manchete de A Gazeta Esportiva do dia 13 foi “Recife aplaudiu o 1000º gol de Pelé”. Mazzoni havia computado um gol de Pelé sobre o Paraguai, pela Seleção Militar, no Sul-americano de 1959. Uma semana mais tarde, embora continuasse sustentando a versão de Mazzoni, A Gazeta Esportiva anunciou novamente o milésimo gol.

Outro jornalista e pesquisador que levantou a suspeita foi De Vaney, que na época trabalhava no jornal A Tribuna, de Santos. Para ele, Pelé estava se deixando levar por interesses comerciais, já que entre o gol 998, no Nordeste, e o milésimo, houve uma verdadeira novela “O milésimo gol foi preparado para ser feito no Maracanã”, dizia. A polêmica voltou em 1995, quando a Folha de S. Paulo também refez a contagem e concluiu que o milésimo gol aconteceu em 14 de novembro daquele ano, num amistoso contra o Botafogo da Paraíba – jogo em que a imprensa e a diretoria do Santos haviam prometido que não iria acontecer.

Contestações à parte, a consagração do Maracanã, responsável por uma repercussão em jornais de todo o mundo - tão grande quanto a ida do homem à Lua naquele mesmo ano, imortalizou o feito de Pelé.



VASCO DA GAMA (RJ) 1X 2 SANTOS (SP)
Data: 19/11/1969
Local: Estádio do Maracanã
Árbitro: Manoel Amaro de Lima
Gols: Pelé (pênalti) e Renê (contra); Benetti
VASCO DA GAMA: Andrada; Fidélis, Moacir, Fernando e Eberval; Bougleaux, Renê, Acelino (Raimundinho) e Adílson; Benetti e Danilo Menezes (Silvinho).
SANTOS: Aguinaldo; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias (Joel Camargo) e Rildo; Clodoaldo, Lima, Manoel Maria e Edu; Pelé (Jair Bala) e Abel.


Fonte:Gazeta Esportiva.Net

Um comentário:

vie disse...

Caro amigo.
Tenho a história completa do ex-zagueiro Fernando que não cometeu o penalti no Pelé que gerou o 1000º. gol do Rei.
São várias fotos dele no Juventus, Vasco, Bangu, Vitória da Bahia, Bahia e Leônico.
Uma linda carreira no futebol.
Acessem nosso site: www.boleirosdaaguarasa.com
Ao entrar no site clique em "Os Times", depois em "Os Craques" e finalmente "Fernando".
Parabéns pelo Blog.
Waldevir - Vie da Água Rasa.